Stéfane completará 17 anos nesta sexta-feira e embarcou no dia 10 de agosto para passar cerca de 15 dias com a tia, que vive há dois anos em Orlando. De acordo com sua mãe, Liliane Carvalho, a menina parou para uma conexão em Detroit, no Estado de Michigan, e foi barrada pela imigração. “Ela ficou 10 horas detida em uma salinha e a única justificativa foi que não havia nenhum maior de idade com ela”, contou.
Ainda na imigração, Stéfane avisou a família que seria levada a um centro para menores de idade, na própria cidade de Detroit. Liliane só recebeu notícias da filha três dias depois: ela havia sido transferida para um abrigo em Chicago, a seis horas do aeroporto, e foi obrigada a tomar dez vacinas. “Ela me disse que não está sendo maltratada, mas chora muito e está abalada. Não sabe o que vai acontecer”, disse Liliane.
Desesperada e com pouquíssimo contato com Stéfane, a mãe viajou para Chicago, contratou um advogado e procurou o Consulado-Geral do Brasil na cidade, mas ainda não conseguiu trazer a adolescente de volta. Desde que chegou, no dia 16 de agosto, Liliane só pôde ver a filha uma vez: “Parecia que eu estava encontrando uma presidiária. Ela vestia um uniforme e nosso encontro foi todo vigiado por um policial armado”, relatou. “Foi o pior e o melhor encontro da minha vida: eu finalmente pude vê-la, mas a separação foi angustiante”.
A grande dúvida sobre o caso de Stéfane não é apenas o motivo da detenção, mas sim por que a garota ainda não pôde retornar ao Brasil. “É minha filha e o governo americano está se apropriando dela. Só quero a Stéfane de volta, é um direito meu”, disse a mãe. Segundo Liliane, os documentos fornecidos à advogada da família não mostram qualquer justificativa para o caso e a imigração apenas frisa que ela estava desacompanhada. “Aqui não admitem que você minta, mas mentem para mim o tempo todo sobre a situação dela”, criticou.
Em nota oficial, o Itamaraty afirmou que representantes do Consulado estão “em contato permanente com os pais da menor e com as autoridades locais”, porém, não há uma previsão para liberar a adolescente. “Foi solicitada urgência na análise do caso e no agendamento da audiência que decidirá sobre seu retorno”, informa nota.
De acordo com advogada especialista em imigração Ana Paula Dias Marques, os Estados Unidos têm liberdade para desautorizar a entrada da menor, mesmo que possua todos os documentos necessários. “Ainda assim, o procedimento comum seria enviá-la de volta para o Brasil no próximo voo”, explica. Segundo a mãe, nem mesmo os assistentes sociais do abrigo sabem o motivo para Stéfane estar detida. “A maior parte dos menores que estão lá cruzaram a fronteira e entraram ilegalmente. Minha filha tem todos os documentos necessários”, comenta.
Outro caso
Em maio, um caso semelhante aconteceu com a brasileira Anna Beatriz Theophilo Dutra, de 17 anos. Ela foi acusada de entrar nos Estados Unidos para estudar com um visto de turismo e ficou retida por 15 dias em Chicago. Também não houve uma explicação para o caso de Anna Beatriz.Agora, Liliane só espera o próximo encontro com a filha, marcado para amanhã, no seu aniversário. “Não me importo que nunca mais possamos entrar nos Estados Unidos, só exijo que me deem a Stéfane”, afirma.
Por Daniela Flor/Veja
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