sábado, 27 de outubro de 2018

FBI prende suspeito ligado a envio de pacotes-bomba. Segundo relatos de imprensa local, Cesar Sayoc, um nova-iorquino de 56 anos que reside em Aventura, ao norte de Miami, foi preso no estacionamento de um centro comercial

EUA
 Agende do FBI em Miami, onde suspeito Cesar Sayoc, de 56 anos, foi preso
 Agende do FBI em Miami, onde suspeito Cesar Sayoc, de 56 anos, foi preso - Michele Eve Sandberg / AFP

Nova York - Agentes federais prenderam um suspeito em conexão com os pacotes suspeitos enviados aos principais democratas e críticos liberais de Donald Trump, no mesmo dia em que outros dois pacotes foram descobertos e o presidente lamentou o impacto do caso sobre as eleições legislativas.

"Podemos confirmar que uma pessoa está sob custódia", tuitou uma porta-voz do departamento de Justiça, anunciando que uma coletiva de imprensa será realizada às 14h30 (15h30 no horário de Brasília).

Ela não forneceu outros detalhes. Vários meios de comunicação dos Estados Unidos informaram que o suspeito foi levado sob custódia para interrogatório na Flórida.

Trump imediatamente elogiou o 'incrível trabalho' das forças da lei em relação à prisão do suspeito.

"Devemos mostrar ao mundo que estamos unidos", afirmou ainda.

Segundo relatos de imprensa local, Cesar Sayoc, um nova-iorquino de 56 anos que reside em Aventura, ao norte de Miami, foi preso no estacionamento de um centro comercial.

O homem estava numa caminhonete branca coberta de adesivos a favor de Trump. Imagens áreas mostraram os agentes cobrindo o veículo com uma lona azul e levando o homem.

Esta é a primeira prisão anunciada no âmbito da investigação para encontrar o ou os responsáveis pelo envio de doze pacotes suspeitos.

O anúncio foi feito pouco depois de o FBI confirmar um pacote dirigido ao senador democrata Cory Booker, enquanto a CNN disse ter recebido outro endereçado ao ex-diretor de inteligência nacional, James Clapper.

Ambos tinham o mesmo endereço de expedição: o de uma deputada democrata da Flórida, Debbie Wasserman Schultz.

Trump imediatamente afirmou no Twitter que a série de alertas de pacotes com bombas enviados a muitos de seus adversários políticos está prejudicando o "ímpeto de campanha" de seu Partido Republicano antes das eleições de novembro.

"Os republicanos estão indo tão bem na votação antecipada, e nas pesquisas, e agora essa coisa de 'Bomba' acontece e a dinâmica diminui muito", tuitou Trump.

"Muito lamentável, o que está acontecendo. Republicanos, saiam e votem!", acrescentou.

O governador Andrew Cuomo imediatamente denunciou esta reação como "completamente inapropriada".

"Acho que o presidente ainda não tem noção da importância da presidência e da importância do seu cargo", afirmou na CNN. "Para ele, tudo é uma questão de competição, de política, ele se sente lesado (...) tudo se torna político e isso gera raiva".

Partidários e críticos do presidente republicano se acusam mutuamente de alimentar o clima tóxico no país com a aproximação das eleições de 6 de novembro.

Depois de pedir, brevemente, união aos americanos na quarta-feira após a confirmação das primeiras bombas, Trump retomou seus ataques à mídia na quinta-feira.

"Grande parte da raiva que vemos hoje em nossa sociedade é causada pelo tratamento intencionalmente inexato e impreciso da mídia tradicional, que eu chamo de 'Fake News'", escreveu no Twitter.

Por sua vez, muitos líderes democratas o acusam de "tolerar a violência" e atiçar as divisões.

"Pare de culpar os outros, olhe no espelho, sua retórica inflamada, seus insultos, mentiras e incitação à violência física são vergonhosos", tuitou John Brennan, ex-diretor da CIA e alvo de um dos pacotes.

O FBI, o Serviço Secreto, que cuida da segurança de presidentes e ex-presidente, e outras agências procuram identificar a pessoa ou pessoas responsáveis pelo que os republicanos no poder e os democratas na oposição descreveram como "terrorismo interno".

As supostas bombas caseiras foram interceptadas desde segunda-feira em meio a uma tensa campanha para as eleições legislativas em 6 de novembro.

Os pacotes foram enviados a proeminentes figuras da oposição, incluindo o ex-presidente Barack Obama e a ex-candidata à presidência Hillary Clinton, bem como a rede de notícias CNN, que é muito crítica em relação ao presidente.

Booker é considerado um candidato potencial para as eleições presidenciais de 2020.
Clapper é um dos ex-chefes de inteligência que questiona Trump desde que assumiu o cargo em janeiro de 2017.

Um pacote em nome do diretor da CIA na administração Obama, John Brennan, foi encontrado na quarta-feira na redação de Nova York da CNN, onde ele é frequentemente convidado como analista político.

Em agosto, Trump decidiu retirar a autorização de Brennan para acessar informações confidenciais. Este benefício é historicamente concedido a altos funcionários, mesmo depois de deixarem o cargo.

Clapper se pronunciou contra essa decisão junto com vários ex-chefes da agência de inteligência da CIA.

Além de Obama, Clinton e Brennan, via CNN, os pacotes suspeitos chegaram ao bilionário e doador do Partido Democrata George Soros; o ex-vice-presidente de Obama Joe Biden; o ex-procurador-geral de Obama, Eric Holder; aos legisladores democratas Maxine Waters e Debbie Wasserman Schultz; e o astro de Hollywood Robert De Niro.

De Niro aproveitou o incidente e pediu nesta sexta que os americanos votem nas legislativas de 6 de novembro.

"Há algo mais poderoso do que as bombas, e isso é o seu voto", disse o astro de Hollywood de 75 anos. "As pessoas DEVEM votar", insistiu, em um breve comunicado enviado a vários meios de comunicação.

Até agora, nenhum pacote explodiu, mas o incidente aumentou polarização antes das eleições legislativas, vistas como um referendo sobre a gestão de Trump e do Partido Republicano, que pode vir a perder o controle do Congresso.

 (Por AFP)

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