sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Associação busca moradia para venezuelanos indígenas que pedem dinheiro nas ruas de Natal. Segundo a Associação em Solidariedade ao Imigrante do Rio Grande do Norte (Asirn), ao todo, são 19 pessoas que vieram da Venezuela para se instalar na capital potiguar, e todos são índios Warao.

IMIGRAÇÃO
 Venezuelanos que pedem dinheiro nas ruas de Natal são indígenas e têm dificuldade de conseguir trabalho — Foto: Rafael Barbosa/G1
 Venezuelanos que pedem dinheiro nas ruas de Natal são indígenas e têm dificuldade de conseguir trabalho — Foto: Rafael Barbosa/G1

Desde a semana passada, nas principais avenidas da Zona Leste e da Zona Sul de Natal, começaram a aparecer imigrantes venezuelanos pedindo dinheiro nos sinais. Os grupos se concentraram em Ponta Negra e em Petrópolis. Segundo a Associação em Solidariedade ao Imigrante do Rio Grande do Norte (Asirn), ao todo, são 19 pessoas que vieram da Venezuela para se instalar na capital potiguar, e todos são índios Warao. A Asirn tenta agora conseguir moradia para esses imigrantes.

Esse grupo indígena é caracterizado pela pesca, hortifruticultura e artesanato. É uma população que vive em regiões ribeirinhas da Venezuela. Daí a dificuldade desses imigrantes de conseguirem trabalho nos centros urbanos brasileiros: eles não têm experiência com as profissões dessas localidades. Situações semelhantes têm acontecido no Norte do país.

Segundo a Associação em Solidariedade ao Imigrante do Rio Grande do Norte (Asirn), em Natal, os índios venezuelanos estão vivendo em uma pousada na cidade da Esperança, na Zona Oeste. Lá, cada um paga R$ 20 pela diária, dinheiro que conseguem pedindo na rua.
O presidente da Asirn, Muhamad Taufik, conta que a Associação está tentando viabilizar um lugar para eles morarem. “É o que eles precisam mais urgentemente”, argumenta. Taufik afirma que a Asirn tem reunião marcada com entidades católicas para tentar conseguir a moradia. Caso não dê certo, a alternativa é acionar o poder público. “Essas pessoas vieram buscando uma situação melhor. Aquele que não tem comida lá, vem buscar comida aqui. A fome também mata, não é só a arma”, pontua Taufik.

 Muhamad Taufik é presidente da Associação em Solidariedade ao Imigrante do Rio Grande do Norte — Foto: Rafael Barbosa/G1
 Muhamad Taufik é presidente da Associação em Solidariedade ao Imigrante do Rio Grande do Norte — Foto: Rafael Barbosa/G1
    
O grupo de indígenas da Venezuela que se fixou em Natal é formado por homens, mulheres e crianças. Famílias que saíram do país de origem em busca de oportunidades no Brasil. Segundo eles próprios relataram, estão em terras brasileiras há cerca de dois meses, viajando de cidade em cidade. Na capital potiguar, chegaram há pouco mais de uma semana.

A advogada Fernanda Rodrigues, que integra o corpo jurídico da Asirn, diz que o passo seguinte à moradia é conseguir atividade remunerada para os imigrantes. Por enquanto, a associação também está arrecadando roupas doadas, para crianças e adultos. O material é recebido na Mesquita de Natal (Rua Praia de Tourinhos, 2104, Ponta Negra) e na Igreja São João (Rua São João, 1363, Lagoa Seca).

 O venezuelano Wilame Matarazza integra o grupo que chegou a Natal — Foto: Anna Alyne Cunha/Inter TV Cabugi
O venezuelano Wilame Matarazza integra o grupo que chegou a Natal — Foto: Anna Alyne Cunha/Inter TV Cabugi

 

Asirn

 

A Associação em Solidariedade ao Imigrante do Rio Grande do Norte foi criada no início deste ano de 2019, com o objetivo de acolher e auxiliar as pessoas que chegam de outros países ao estado potiguar. “Muita gente não sabe como tirar os documentos, se regularizar. Procuramos ajudar essas pessoas”, acrescenta Muhamad Taufik.

Fernanda Rodrigues alerta que a Associação também está atenta para resguardar os direitos desses estrangeiros, para que não sejam explorados, ou vítimas de crimes. Com relação aos venezuelanos, por exemplo, é preocupação da Asirn que, em permanecendo muito tempo nessa situação de vulnerabilidade, sejam cooptados por criminosos. “Preocupa também ver essas mulheres, essas crianças na rua, pedindo dinheiro para comida, correndo o risco de serem aliciadas, sofrerem abuso, como já aconteceu em outros estados”, alerta a advogada.

 Nestes primeiros meses de fundação, a associação tem se debruçado essencialmente sobre causas jurídicas, como garantir alguns documentações aos imigrantes. “Quando chegam a alguma repartição e recebem um 'não', normalmente eles vão embora. Eles não entendem a língua do país, não sabem das leis. Então a Asirn atua nesse sentido”.

 

 Advogada Fernanda Rodrigues integra o corpo jurídico da Asirn — Foto: Rafael Barbosa/G1

 Advogada Fernanda Rodrigues integra o corpo jurídico da Asirn — Foto: Rafael Barbosa/G1

 

  Agora, outros núcleos estão sendo formados, como o de Assistência Social. A Asirn procura por voluntários que possam atuar na área. O contato para saber mais informações sobre a atividade da associação e as vagas é pelo telefone (84) 98825-9749, ou pelo e-mail asirn2018@gmail.com. Os refugiados também podem procurar a Associação de Solidariedade aos Imigrantes pelos mesmos canais.

 

 


(Por Rafael Barbosa, G1 RN)  

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