Ontem, passageiros de voo doméstico afirmaram que não houve alertas no avião
Pelo menos duas mil pessoas oriundas de países com casos confirmados de coronavírus (Covid-19) vieram diretamente ao Rio Grande do Norte desde o dia 1º de março. Segundo dados da Superintendência da Polícia Federal do RN, o Aeroporto Internacional Aluízio Alves registrou desembarque de 2.064 pessoas entre 1º e 18 de março. O período para transmissão do Covid-19, o novo coronavírus, é de 14 dias, segundo as autoridades em saúde.
De acordo com dados da PF repassados à pedido da TRIBUNA DO NORTE, a maioria desses passageiros veio de Lisboa, capital de Portugal: 1.418. Outros 301 passageiros vieram de Amsterdã, capital holandesa, e os 345 restantes vieram de Buenos Aires, na Argentina. Os voos já passam a sofrer alterações em virtude do coronavírus. De acordo com a secretária de Turismo, Ana Maria Costa, os voos da capital argentina a Natal foram suspensos nesta segunda (16). Os de Portugal foram suspensos nesta quarta (18). Nesta quinta (19), um voo está vindo da Holanda a Natal, com 23 brasileiros e será o último. Além desse, um voo lotado de holandeses levará os turistas de volta à Europa.
“Amanhã temos um voo da Holanda da Coredon. Recebi a ligação da responsável e estão vindo apenas 23 natalenses que estão na Holanda e vai retornar com os turistas que estão aqui. Segundo a informação dela, a partir daí vai ser cancelado. Eles têm que levar de volta (holandeses) e repatriar o pessoal que está lá, disse à TRIBUNA DO NORTE.
A reportagem esteve nas dependências do Aeroporto no começo da tarde desta quarta-feira (18) para acompanhar a rotina do terminal potiguar em meio a pandemia de coronavírus.
No período em que a reportagem esteve no local, entre 12h e 14h, um voo de Brasília chegou e foi possível observar vários passageiros de máscaras. Nas imediações do terminal, funcionários e colaboradores também usavam a proteção.
Em alguns lugares do terminal, como paredes, balcões, restaurantes e nos arredores do aeroporto, é possível observar cartazes colados com tamanho médio, informando sobre o que é a doença, sintomas, meios de transmissão e recomendações. Os cartazes também estão colados nos espelhos dos banheiros.
Aliado a isso, foi possível observar, em duas ocasiões, alertas sonoros. Um deles era sobre questões protocolares do aeroporto, como avisos de serviços e opções para os que desembarcavam. Já sobre o coronavírus, também foi possível ouvir, só que numa intensidade menor. O som não estava tão audível quanto o outro e não era possível ouvir em todos os lugares do saguão, diferentemente do primeiro sinal sonoro.
Vindo do Rio de Janeiro na manhã desta quarta, o potiguar Jonatan Ysrael, 17 anos, disse que não houve nenhum tipo de comunicação durante o voo sobre protocolos a serem seguidos caso houvessem sintomáticos no avião.
“Foi tranquilo, mas tinha muita gente de máscara. O comandante nem as aeromoças não avisaram nada”, disse. Ele estava no Rio desde o dia 03 de março, onde estuda o Ensino Médio.
No mesmo voo também estava Richer Batista, 16 anos, que concordou com o amigo de escola. “Foi tranquilo como se nada estivesse acontecendo. Não ouvi nada, nenhuma orientação”, apontou.
A reportagem também ouviu taxistas que ficam nas dependências do aeroporto. De acordo com Milton Souza e Evanildo Alves, são 120 taxistas que se dividem em turmas de 60 motoristas. Trabalhando por ordem de chegada, eles alegam que têm aumentado a vigilância com máscaras, álcool em gel e higienização dos cintos de segurança, maçanetas e volantes.
“Estamos cogitando dividir as turmas, uma vindo um dia sim, dia não. A demanda está caindo, os custos permanecem e existem os riscos de ser contaminado”, revela Milton, acrescentando que autoridades de saúde não passaram orientações a eles e que a demanda de corridas caiu em 50%
Aeroporto
No Aeroporto Aluízio Alves, há três salas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Quando a reportagem chegou ao local, uma das salas estava fechada, com o funcionário aparecendo minutos depois. Ele disse que os profissionais trabalham com EPIs e dispõem de álcool em gel e outros materiais na sala.
No caso dos tripulantes apresentarem algum sintoma, a Anvisa só toma conhecimento caso a aeronave avise à torre de comunicação do aeroporto sobre o problema. “Até o momento não houve detecção de nenhum passageiro contaminado pelo coronavírus nessas áreas de fiscalização da Anvisa”, disse, referindo-se também ao Porto de Natal. Ao todo, são três funcionários que trabalham em regime de revezamento 24h.
No caso da Anvisa, a entidade informa que trabalha como intermediária entre o Aeroporto e os serviços de saúde. Em nota enviada à imprensa, o Aeroporto de Natal informou que “possui um posto médico exclusivo preparado para atender emergências médicas de passageiros e tripulantes”.
De acordo com a Inframérica, o espaço é equipado com duas equipes completas (médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e motorista socorrista) que funciona 24h. Além da enfermaria, uma ambulância está sempre à disposição para encaminhamentos de emergência do Aeroporto aos hospitais da cidade.
A administração disse ainda que está intensificando a limpeza no terminal aéreo, com utilização de máscaras e luvas pelos funcionários. “Telas informativas em todos os portões de embarque e cartazes explicam sobre a doença e orientam como se prevenir, além disso a reposição de sabão nos banheiros foi intensificada e dispensers de álcool gel estão distribuídos nas áreas administrativas e de grande circulação de trabalhadores”, completou.
(Por:Ícaro Carvalho/TN)
Nenhum comentário:
Postar um comentário