Ministro Luiz Henrique Mandetta - Reproduçao/TV
Brasília - Integrantes do Ministério da Saúde
organizam um movimento de resistência contra as tentativas do presidente
Jair Bolsonaro de afrouxar as medidas de isolamento para combate ao
novo coronavírus. Na contramão do discurso de Bolsonaro, técnicos da
pasta fizeram um documento de recomendações para os gestores do Sistema
Único de Saúde (SUS) de todo o País no qual projetam, a partir de 6 de
abril, o fechamento de escolas e universidades, distanciamento social no
ambiente de trabalho e proibição de eventos com aglomeração, como jogos
de futebol. Medidas mais restritivas seriam adotadas em abril, maio e
junho. Neste sábado, o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, disse que o
'lockdown', o fechamento de uma cidade, pode ser usado conforme os
casos progridem nos estados. Os casos no Brasil estão em 3094
confirmados, com 114 mortes.
A única medida que ele descartou foi o fechamento
total do território brasileiro. Na visão dele, esse último caso não
seria positivo.
O ministro evitou se comprometer ao modelo de isolamento horizontal, defendido pelas entidades da área da saúde, ou vertical, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro nesta semana. "Não existe quarentena vertical, não existe quarentena horizontal, não existe nada disso. Existe a necessidade de arbitrar num determinado tempo qual grau de retenção que uma sociedade precisa fazer", afirmou, referindo-se ao combate à pandemia.
Mandetta fez um apelo para que governadores e prefeitos não tomem atitudes intempestivas e defendeu que precisa haver coordenação e ação nacional. "Agora é preciso coordenar a ação nacional. Precisa sentar e organizar. Aqueles que pensarem localmente e não tiverem cabeça e visão para ver o mundo, terão dificuldades", disse.
O ministro afirmou ainda que a partir da próxima semana o sistema de saúde contará com testes rápidos e com o uso da telemedicina, para que o atendimento seja feito na casa do paciente. Mandetta informou que ficará a frente da pasta, que coordena as medidas para combate do novo coronavírus no País até que Bolsonaro permita. Ele já havia dito isso depois de o presidente comentar que a quarentena precisava ser revista.
O ministro evitou se comprometer ao modelo de isolamento horizontal, defendido pelas entidades da área da saúde, ou vertical, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro nesta semana. "Não existe quarentena vertical, não existe quarentena horizontal, não existe nada disso. Existe a necessidade de arbitrar num determinado tempo qual grau de retenção que uma sociedade precisa fazer", afirmou, referindo-se ao combate à pandemia.
Mandetta fez um apelo para que governadores e prefeitos não tomem atitudes intempestivas e defendeu que precisa haver coordenação e ação nacional. "Agora é preciso coordenar a ação nacional. Precisa sentar e organizar. Aqueles que pensarem localmente e não tiverem cabeça e visão para ver o mundo, terão dificuldades", disse.
O ministro afirmou ainda que a partir da próxima semana o sistema de saúde contará com testes rápidos e com o uso da telemedicina, para que o atendimento seja feito na casa do paciente. Mandetta informou que ficará a frente da pasta, que coordena as medidas para combate do novo coronavírus no País até que Bolsonaro permita. Ele já havia dito isso depois de o presidente comentar que a quarentena precisava ser revista.
Novas medidas
No documento, ao qual o Estado teve acesso, há um
balanço de todas as medida adotadas pelo governo em relação ao novo
coronavírus até a última sexta-feira, com previsão do governo ter que
criar mais 20 mil leitos de internação para atender a demanda dos
infectados no próximo mês. A previsão é de haver necessidade de 40 mil
leitos até 30 de abril. Como revelou o Estadão/Broadcast, a necessidade
ocorreria no pior cenário previsto para o período.
No plano de ação da quarentena, a ser executado nos próximos três meses, há a previsão da contratação de trabalhadores informais serem contratados como promotores de saúde durante a resposta à covid-19. A ideia é que eles orientem as pessoas na rua, identifiquem idosos que estão fora do isolamento para enviá-los para casa, além de atuarem na limpeza de superfícies.
Outras medidas incluem a proibição de qualquer evento de aglomeração (shows, cultos, futebol, cinema e teatros). Nesta sexta-feira, durante entrevista ao Programa Brasil Urgente, o presidente Jair Bolsonaro defendeu a realização de jogos de futebol em estádios com público reduzido para 10% da capacidade. Há, ainda, previsão de redução em 50% da capacidade instalada em bares e restaurantes.
No plano de ação da quarentena, a ser executado nos próximos três meses, há a previsão da contratação de trabalhadores informais serem contratados como promotores de saúde durante a resposta à covid-19. A ideia é que eles orientem as pessoas na rua, identifiquem idosos que estão fora do isolamento para enviá-los para casa, além de atuarem na limpeza de superfícies.
Outras medidas incluem a proibição de qualquer evento de aglomeração (shows, cultos, futebol, cinema e teatros). Nesta sexta-feira, durante entrevista ao Programa Brasil Urgente, o presidente Jair Bolsonaro defendeu a realização de jogos de futebol em estádios com público reduzido para 10% da capacidade. Há, ainda, previsão de redução em 50% da capacidade instalada em bares e restaurantes.
O documento traz medidas mais restritivas do que as
que vinham sendo passadas pelo Ministério da Saúde oficialmente até
agora. Apesar disso, Estados e Municípios saíram na frente decretando
cancelamento de aulas e eventos com aglomerações. A leitura no
Ministério da Saúde é que houve excessos em muitos casos, mas a partir
de 6 de abril já seria a data ideal para implantar as medidas.
Os técnicos responsáveis pelo documento, por outro lado, consideram que devem sofrer represálias por endurecer as medidas em meio ao discurso do presidente pela volta à normalidade no Brasil, a fim de retomar atividades econômicas. Uma das possibilidades ventiladas é a eventual demissão da equipe de Vigilância em Saúde (SVS), mais resistente à postura de Bolsonaro.
Neste sábado, enquanto Bolsonaro se reuniu com ministros no Palácio da Alvorada, entre eles Luiz Henrique Mandetta, parte da equipe da saúde fez uma reunião paralela na sede do ministério para discutir o assunto.
Ao Estado, o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Alberto Beltrame, afirmou que a entidade não apoia "qualquer recuo no sentido de afrouxamento de isolamento e sim uma transição na direção de sua ampliação, na medida da necessidade".
"Esperamos que a equipe técnica do Ministerio possa seguir se trabalho serio, técnico e cientificamente orientado, sem que qualquer outra orientação se sobreponha ao interesse da proteção da saúde e da vida das pessoas", afirmou Beltrame.
Divergências
Os técnicos responsáveis pelo documento, por outro lado, consideram que devem sofrer represálias por endurecer as medidas em meio ao discurso do presidente pela volta à normalidade no Brasil, a fim de retomar atividades econômicas. Uma das possibilidades ventiladas é a eventual demissão da equipe de Vigilância em Saúde (SVS), mais resistente à postura de Bolsonaro.
Neste sábado, enquanto Bolsonaro se reuniu com ministros no Palácio da Alvorada, entre eles Luiz Henrique Mandetta, parte da equipe da saúde fez uma reunião paralela na sede do ministério para discutir o assunto.
Ao Estado, o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Alberto Beltrame, afirmou que a entidade não apoia "qualquer recuo no sentido de afrouxamento de isolamento e sim uma transição na direção de sua ampliação, na medida da necessidade".
"Esperamos que a equipe técnica do Ministerio possa seguir se trabalho serio, técnico e cientificamente orientado, sem que qualquer outra orientação se sobreponha ao interesse da proteção da saúde e da vida das pessoas", afirmou Beltrame.
Divergências
O ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) está sob
forte pressão nos últimos dias para atender aos anseios de Bolsonaro e
ao mesmo tempo se manter fiel ao que recomendam as entidades médicas. Na
última semana, ele foi criticado pela atuação na reunião com
secretários estaduais e municipais. Embora não tenha defendido o
isolamento vertical, Mandetta adaptou o discurso e defendeu a abertura
de igrejas, desde que com cautela.
Para alguns secretários, a reunião foi vista com alívio, por Mandetta não endossar expressamente as falas de Bolsonaro. Outros, entretanto, disseram que o ministro deveria ter sido mais firme em apoiar medidas técnicas e se opor a Bolsonaro.
O temor é que, se ele se afastar do Ministério da Saúde agora, poderia ser substituído por Antonio Barra Torres, presidente da Anvisa, que acompanhou o presidente da República em manifestação feita no dia 15 de março, na qual ele teve contato com centenas de pessoas.
Para alguns secretários, a reunião foi vista com alívio, por Mandetta não endossar expressamente as falas de Bolsonaro. Outros, entretanto, disseram que o ministro deveria ter sido mais firme em apoiar medidas técnicas e se opor a Bolsonaro.
O temor é que, se ele se afastar do Ministério da Saúde agora, poderia ser substituído por Antonio Barra Torres, presidente da Anvisa, que acompanhou o presidente da República em manifestação feita no dia 15 de março, na qual ele teve contato com centenas de pessoas.
(Com informações do Estadão Conteúdo)
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