RISCO DE CONTÁGIO
Escola Municipal Professor Ulisses de Góis — Foto: Quézia Oliveira/Inter TV Cabugi
Educadores da rede pública de Natal assinaram e enviaram nesta
sexta-feira (24) um manifesto à Secretaria Municipal de Educação (SME)
preocupados com a possibilidade de retorno das aulas. Os gestores e
professores apontam no documento que as escolas e CMEIs não se
prepararam ou readequaram para a volta das atividades com as medidas
sanitárias necessárias.
Ainda não há, no entanto, prazo determinado pela Prefeitura de Natal
para a volta às aulas. As escolas fecharam no dia 18 de março e desde
então não tiveram mais atividades presenciais.
Para o manifesto, foram entrevistados mais de 1.500 profissionais da
educação - 77% deles não concordam com o retorno das aulas em 2020 e 89%
não veem as escolas com estruturas físicas adequadas para o atual
momento de enfrentamento à Covid-19.
"Todos sabemos das grandes deficiências estruturais e materiais que as
unidades de ensino público de toda a rede municipal já de há muito
apresentam e que, caso não sejam devidamente recuperadas e readequadas
às necessidades sanitárias exigidas, importarão em graves riscos de
contaminação para a comunidade escolar, colocando em perigo vidas
humanas que importam e têm preço", cita um trecho do manifesto.
"Há mais de 100 dias estamos sem nenhuma ação efetiva de melhoria,
reforma ou readequação desses espaços físicos, bem como seus
equipamentos".
Os profissionais pedem, dessa forma, que algumas medidas fundamentais
sejam adotadas antes do retorno. Eles pedem que a SME determine um prazo
para que a equipe de engenharia visite todas as escolas e CMEIs para
que haja um relatório de problemas físicos e estruturais e quais serão
as medidas de readequação dos espaços "considerando ambientação,
limpeza, ventilação e número de alunos permitidos em sala de aula por
metro quadrado".
Além disso, o manifesto solicita a descontaminação das unidades,
complementação no quadro de Auxiliares de Serviços Gerais (ASGs) para
assegurar eficiência na limpeza e higiene - e que esses profissionais
passem por um treinamento para trabalhos de desinfecção. É solicitado
ainda para gestores, educadores e funcionários no geral a compra de EPIs
e produtos como álcool 70% até o fim de 2020.
"Nós precisamos receber as crianças com protocolo muito bem elaborado,
planejado, para que não falte material de EPIs, de limpeza nas escolas.
Vai ser uma nova realidade. Se limpávamos a escola de um jeito, agora
vamos passar a limpar de outro jeito. Nossa preocupação maior é que os
pais levem suas crianças à escola e se sintam seguros", falou Márcia
Nelson de Araújo, diretora administrativa da Escola Municipal Ivonete
Maciel.
Outro pedido é para a elaboração de um Projeto de Lei que contrate por
dois anos psiquiatras, psicólogos e terapeutas que possam atender
educadores, servidores e alunos. O manifesto aponta que se levanta a
possibilidade de retorno "sem que a SME conheça o estado de saúde física
e mental de educadores e funcionários".
O manifesto solicita também um levantamento do número de profissionais
dos chamados grupos de risco para que eles possam ser substituídos das
funções. Esse número é considerado grande pelos gestores que assinaram o
documento.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação disse que está utilizando
algumas sugestões apresentadas nos protocolos que estão sendo elaborados
para o retorno às aulas. A pasta reforçou que esse retorno vai seguir
as orientações do comitê científico da Prefeitura de Natal e que uma
previsão para a volta pode ser apresentada nos próximos 15 dias.
Ao todo, Natal tem 146 instituições públicas de ensino pela rede
municipal, sendo 72 escolas de ensino fundamental e 74 Centros
Municipais de Ensino Infantil.
(Por Quézia Oliveira, Inter TV Cabugi)
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