sábado, 25 de julho de 2020

Educadores da rede pública de Natal assinam manifesto preocupados com possível volta às aulas: 'Escolas despreparadas.' Mais de 1.500 profissionais foram entrevistados e 89% deles acreditam que as escolas não têm estrutura física adequado para retorno das atividades.

RISCO DE CONTÁGIO
 Escola Municipal Professor Ulisses de Góis — Foto: Quézia Oliveira/Inter TV Cabugi
 Escola Municipal Professor Ulisses de Góis — Foto: Quézia Oliveira/Inter TV Cabugi 

Educadores da rede pública de Natal assinaram e enviaram nesta sexta-feira (24) um manifesto à Secretaria Municipal de Educação (SME) preocupados com a possibilidade de retorno das aulas. Os gestores e professores apontam no documento que as escolas e CMEIs não se prepararam ou readequaram para a volta das atividades com as medidas sanitárias necessárias. 

Ainda não há, no entanto, prazo determinado pela Prefeitura de Natal para a volta às aulas. As escolas fecharam no dia 18 de março e desde então não tiveram mais atividades presenciais.  

Para o manifesto, foram entrevistados mais de 1.500 profissionais da educação - 77% deles não concordam com o retorno das aulas em 2020 e 89% não veem as escolas com estruturas físicas adequadas para o atual momento de enfrentamento à Covid-19. 

"Todos sabemos das grandes deficiências estruturais e materiais que as unidades de ensino público de toda a rede municipal já de há muito apresentam e que, caso não sejam devidamente recuperadas e readequadas às necessidades sanitárias exigidas, importarão em graves riscos de contaminação para a comunidade escolar, colocando em perigo vidas humanas que importam e têm preço", cita um trecho do manifesto. 

"Há mais de 100 dias estamos sem nenhuma ação efetiva de melhoria, reforma ou readequação desses espaços físicos, bem como seus equipamentos". 

Os profissionais pedem, dessa forma, que algumas medidas fundamentais sejam adotadas antes do retorno. Eles pedem que a SME determine um prazo para que a equipe de engenharia visite todas as escolas e CMEIs para que haja um relatório de problemas físicos e estruturais e quais serão as medidas de readequação dos espaços "considerando ambientação, limpeza, ventilação e número de alunos permitidos em sala de aula por metro quadrado".  

Além disso, o manifesto solicita a descontaminação das unidades, complementação no quadro de Auxiliares de Serviços Gerais (ASGs) para assegurar eficiência na limpeza e higiene - e que esses profissionais passem por um treinamento para trabalhos de desinfecção. É solicitado ainda para gestores, educadores e funcionários no geral a compra de EPIs e produtos como álcool 70% até o fim de 2020. 

 "Nós precisamos receber as crianças com protocolo muito bem elaborado, planejado, para que não falte material de EPIs, de limpeza nas escolas. Vai ser uma nova realidade. Se limpávamos a escola de um jeito, agora vamos passar a limpar de outro jeito. Nossa preocupação maior é que os pais levem suas crianças à escola e se sintam seguros", falou Márcia Nelson de Araújo, diretora administrativa da Escola Municipal Ivonete Maciel. 

Outro pedido é para a elaboração de um Projeto de Lei que contrate por dois anos psiquiatras, psicólogos e terapeutas que possam atender educadores, servidores e alunos. O manifesto aponta que se levanta a possibilidade de retorno "sem que a SME conheça o estado de saúde física e mental de educadores e funcionários".  

O manifesto solicita também um levantamento do número de profissionais dos chamados grupos de risco para que eles possam ser substituídos das funções. Esse número é considerado grande pelos gestores que assinaram o documento. 

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação disse que está utilizando algumas sugestões apresentadas nos protocolos que estão sendo elaborados para o retorno às aulas. A pasta reforçou que esse retorno vai seguir as orientações do comitê científico da Prefeitura de Natal e que uma previsão para a volta pode ser apresentada nos próximos 15 dias.  

Ao todo, Natal tem 146 instituições públicas de ensino pela rede municipal, sendo 72 escolas de ensino fundamental e 74 Centros Municipais de Ensino Infantil. 


 (Por Quézia Oliveira, Inter TV Cabugi)

Nenhum comentário:

Postar um comentário