O ex-ministro Sergio Moro - Fabio Rodrigues Pozzebom/AgÊncia Brasil
Brasília - O ex-ministro da Justiça e Segurança
Pública e ex-juiz da Lava Jato em Curitiba, Sérgio Moro, afirmou na
manhã desta quarta que 'desconhece segredos ilícitos' da operação que
comandou por mais de quatro anos, destacando que a mesma 'sempre foi
transparente' e teve decisões confirmadas por tribunais superiores. A
indicação se dá após o Procurador-Geral da República Augusto Aras
afirmar que 'é hora de corrigir rumos para que o lavajatismo não perdure' e falar em uma 'caixa de segredos' da operação.
"Ninguém sabe como foram escolhidos, quais os
critérios. Não se pode imaginar que uma unidade institucional se faça
com segredos, com caixas de segredos", afirmou.
Além de Moro, o procurador Roberto Pozzobon,
integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, também reagiu às
falas do chefe do Ministério Público Federal, dizendo que 'transparência
faltou mesmo no processo de escolha do PGR pelo presidente Jair
Bolsonaro'. Aras foi o primeiro indicado à chefia do MPF em 16 anos que
não constava em lista tríplice formulada em votação entre procuradores.
As declarações de Moro e de Aras se dão em momento de
atrito entre procuradores federais e a cúpula da PGR. O estopim da
crise foi uma diligência da subprocuradora Lindora Maria Araújo, nome de
confiança de Aras, para busca de informações da força-tarefa da
operação em Curitiba. A PGR pediu ainda acesso às informações das
unidades da operação no Rio e em São Paulo.
No início do mês, o presidente do Supremo Tribunal
Federal, ministro Dias Toffoli, determinou às forças-tarefa que
apresentem dados e informações da operação à Procuradoria-Geral da
República.
Em outra linha, a Procuradoria-Geral da República
propôs a criação da Unidade Nacional Anticorrupção (Unac) no MPF, o que
centralizaria em Brasília o controle de operações e passaria a
administração das bases de dados das forças-tarefa para uma secretaria
ligada à Procuradoria. O relator da proposta, subprocurador Nívio de
Freitas, disse em entrevista ao Estadão ser contra o compartilhamento
irrestrito de dados da Lava Jato com PGR.
Moro já criticou manifestações de Aras sobre a
força-tarefa, defendendo a 'autonomia funcional' das mesmas e indicando
que falta apoio da cúpula da PGR ao trabalho dos procuradores.
"Não entendo essa lógica do revisionismo, como se a
Lava Jato não representou algo extremamente positivo, que foi uma grande
vitória contra a impunidade da grande corrupção. Quem ataca a Lava Jato
hoje eu sinceramente não entendo bem onde quer chegar", afirmou o
ex-ministro em entrevista ao Estadão no início do mês.
Nesta semana, em entrevista ao jornal britânico
Financial Times, o ex-juiz disse que o governo de Jair Bolsonaro usou
sua presença na equipe ministerial como desculpa para demonstrar que
medidas anticorrupção estariam sendo tomadas. O ex-ministro afirmou que o
governo não estava fazendo muito e que esta agenda tem sofrido reveses
desde 2018, quando Bolsonaro se elegeu.
(Por:Estadão Conteúdo)
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