NO FACEBOOK E NO TWITTER
Ministro Alexandre de Moraes - DIVULGAÇÃO/STF
Brasília - Apoiadores bolsonaristas foram suspensos do Twitter e
Facebook nesta sexta-feira, 24, por determinação do Supremo Tribunal
Federal (STF).
As contas e páginas do ex-deputado federal Roberto
Jefferson (PTB), dos empresários Luciano Hang e Otávio Fakhoury, da
extremista Sara Giromini e do blogueiro Allan dos Santos estão fora do
ar no Brasil.
O bloqueio temporário foi determinado pelo ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do
inquérito das fake news - que apura notícias falsas, ofensas e ameaças
contra autoridades. A medida foi justificada pela necessidade de
'interromper discursos criminosos de ódio' e solicitada ainda em maio,
quando aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foram alvo de
buscas em operação da Polícia Federal.
Segundo a reportagem
apurou, Twitter e Facebook cumpriram a determinação, de dois meses
atrás, e suspenderam as contas após serem intimados na quarta-feira, 22,
pelo próprio Alexandre, sob multa de pena diária de R$20 mil em caso de
descumprimento.
Na época, o ministro apontou 'sérios indícios'
de que o grupo praticou crimes de calúnia, difamação, injúria,
associação criminosa e contra a Segurança Nacional.
"Essas
tratativas ocorreriam em grupos fechados no aplicativo de mensagens
Whatsapp, permitido somente a seus integrantes. O acesso a essas
informações é de vital importância para as investigações, notadamente
para identificar, de maneira precisa, qual o alcance da atuação desses
empresários nessa intrincada estrutura de disseminação de notícias
fraudulentas", apontou Alexandre de Moraes.
As provas colhidas na
investigação também citam depoimentos prestados pelos deputados
federais Alexandre Frota (PSDB-SP) e Joice Hasselmann (PSL-SP), que
contaram detalhes sobre o funcionamento do 'Gabinete do Ódio' na CPMI
das Fake News, no Congresso.
Influenciadores
O
blogueiro Allan dos Santos foi identificado pela Polícia Federal como
um dos 'influenciadores' do esquema de divulgação de ofensas e fake news
contra o Supremo.
Segundo os investigadores, foi detectada a
existência de um 'mecanismo coordenado de criação e divulgação' das
mensagens contra ministros. Os perfis de influenciadores utilizavam seus
seguidores para criar hashtags que atacassem o STF, para só então
reproduzi-las em suas contas. Dessa forma, ficaria seguros de que não
foram eles os responsáveis pela criação das hashtags
A PF
identificou indícios que as publicações sejam disseminadas por meio de
robôs com o objetivo de atingir número expressivo de leitores - o
mecanismo seria financiada por empresários 'de maneira velada'.
Busca
no Twitter entre 7 a 11 de novembro do ano passado identificou
publicações que utilizavam termos de ataques contra a corte, como
#STFVergonhaNacional e #STFescritóriodocrime, além dos nomes dos
ministros e palavras-chaves como Impeachment e Supremo.
Em comum, ao menos onze perfis que seguem uns aos outros nas redes foram identificados, incluindo Allan dos Santos.
Um
dos exemplos citados pela PF ocorreu no dia 07 de novembro, quando os
'influenciadores' iniciaram ataques dizendo que o STF é 'uma vergonha',
clamando por impeachment contra os ministros, mas sem utilizar a hashtag
#ImpeachmentGilmarMendes.
A hashtag foi criada por seguidores
dessas contas, que passaram a responder os perfis 'influenciadores'
utilizando o termo. Somente no dia 11 de novembro que dez dos onze
perfis investigados passaram a utilizar a hashtag para impulsionar o
ataque, de forma a alcançar o 'trend topics' (assuntos mais comentados)
do Twitter.
"Assim, os perfis influenciadores não apareciam como criadores da hashtag que simboliza o ataque", aponta a PF.
Empresários
O
dono da rede de lojas de departamento Havan, Luciano Hang, é suspeito
de participar do núcleo financeiro supostamente responsável pelo
impulsionamento de vídeos e materiais 'contendo ofensas e notícias
falsas com o objetivo de desestabilizar as instituições democráticas e a
independência dos poderes' e composto por empresários do grupo
autodenominado 'Brasil 200 Empresarial'.
Para a Procuradoria
Eleitoral, as investigações em curso no Supremo podem ajudar a
identificar os financiadores da suposta 'rede de propagação de mensagens
falsas ou agressivas' pautada pelo chamado gabinete do ódio - grupo que
gerenciou as redes sociais do então candidato Jair Bolsonaro nas
eleições e, após a vitória, ganhou sala exclusiva ao lado do gabinete do
presidente no Palácio do Planalto.
Roberto Jefferson
A
Polícia Federal também identificou 'sérios indícios' de práticas de
crimes cometidos pelo ex-deputado. Segundo o ministro Alexandre de
Moraes, o parlamentar 'é um dos responsáveis pela postagens reiteradas
em redes sociais contendo graves ofensas' à Corte.
Um dos casos
citados pela PF foi a ocasião em que Jefferson publicou uma foto
segurando um fuzil ao afirmar que estaria se preparando para 'combater o
bom combate'. Em uma live, o deputado defendeu a 'demissão e
substituição dos 11 ministros do STF, herança maldita'.
Prisão
A
extremista Sara Giromini, que chegou a ser presa na investigação que
apura a organização e financiamento de atos antidemocráticos, também em
curso no STF sob relatoria de Alexandre de Moraes, gravou vídeos
ameaçando o ministro após ter celular e computadores apreendidos no
inquérito das fake news.
Desde que deixou a cadeia, a
bolsonarista precisa cumprir uma série de medidas cautelares, incluindo o
uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de contato com os demais
investigados por suposta participação em atos antidemocráticos. Além
disso, a extremista só pode sair de casa para trabalhar ou estudar e,
mesmo nesses casos, precisa manter distância mínima de um quilômetro das
sedes do STF e do Congresso Nacional.
COM A PALAVRA, O EMPRESÁRIO OTÁVIO FAKOURY
Nesta
sexta-feira (24), o empresário Otávio Fakhoury foi surpreendido com a
suspensão de suas contas em redes sociais. De acordo com o advogado João
Manssur, que representa Fakhoury, a medida é desproporcional e
contrária ao princípio da liberdade de expressão.
O advogado
havia impetrado Habeas Corpus contra ato praticado pelo Ministro
Alexandre de Moraes relator do inquérito das "fake news" por suspensão
de contas em redes sociais.
O Procurador Geral da República,
Augusto Aras, opinou pela concessão da ordem pleiteada para que seja
desbloqueado os perfis de Fakhoury das redes sociais.
Porém, hoje (24/07), os perfis em redes sociais de Fakhoury foram bloqueados.
"A
medida de bloqueio acarreta verdadeira censura por impedir a
manifestação do pensamento de Fakhoury, garantida pelo amplo sistema de
liberdade de expressão consagrado pela Constituição Federal. O próprio
STF já conferiu entendimento no sentido de que a liberdade de expressão
goza de certa posição preferencial. Gritante a violação ao direito de
Fakhoury à livre manifestação de seu pensamento com o bloqueio de contas
das redes sociais, uma verdadeira censura", afirma o advogado João
Manssur.
COM A PALAVRA, OS DEMAIS USUÁRIOS QUE TIVERAM CONTAS SUSPENSAS
Até
a publicação desta matéria, a reportagem não havia obtido contato com
os demais usuários que tiveram as contas suspensas por determinação do
ministro Alexandre de Moraes. O espaço está aberto a manifestações.
(Por:Estadão Conteúdo)
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