BRASIL, POLÍTICA
O deputado Fábio Trad, relator da PEC que prevê prisão após condenação
em segunda instância Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
BRASÍLIA — A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que determina a
prisão após a condenação em segunda instância começa a perder força na
Câmara dos Deputados. Parlamentares que antes defendiam o texto agora
pretendem sugerir mudanças para torná-lo mais brando ou até mesmo evitar
que a PEC seja votada no plenário. A desidratação da proposta tem sido
discutida principalmente entre setores do centrão mais ligados ao
governo, mas o relator, deputado Fábio Trad (PSD-MS), é contra.
Nos bastidores, um grupo de deputados defende que as novas regras passem
a valer apenas para quem cometer crimes após a promulgação da emenda.
Trad e o autor do projeto, Alex Manente (Cidadania-SP), afirmam que já
foram alertados sobre essa movimentação. Eles são contra as alterações e
querem que a PEC incida sobre todos os processos iniciados depois dela,
mesmo que envolvam ilícitos praticados antes.
— Eles devem apresentar um destaque no dia da votação para suprimir
parte do meu relatório. Eu penso que juridicamente não tem consistência e
não está afinado politicamente com os anseios populares. Fazer incidir a
PEC só para fatos praticados depois dela, zerando o jogo para todo
mundo, não tem correspondência com o sistema jurídico vigente —
argumenta Trad.
A mudança de estratégia entre os governistas
ocorre no momento em que as investigações sobre a “rachadinha” podem
comprometer o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Quando começou
a tramitar na Câmara, as discussões sobre a PEC envolviam a situação do
ex-presidente Lula. Em novembro, o texto foi aprovado por 50 votos a 12
na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Na época, PT, Psol, Pros e
PCdoB votaram contra.
(Por:Washington Luiz/O Globo)
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