domingo, 27 de setembro de 2020

Em 12 meses, Câmara dos Deputados pagou R$ 690 mil a filhos de Flordelis. Além desse montante, nora da deputada federal recebeu R$ 86,7 mil entre fevereiro e julho do ano passado

 POLÍTICA NACIONAL

 

A Câmara dos Deputados pagou, nos últimos 12 meses, R$ 690,5 mil para filhos afetivos da deputada federal Flordelis dos Santos de Souza (PSD-RJ) que estavam lotados no gabinete dela.

O montante equivale à soma da remuneração mensal e auxílios e gratificações natalinas paga pela Casa Legislativa a quatro filhos da parlamentar entre setembro do ano passado e agosto deste ano.

São eles: Carlos Ubiraci Francisco da Silva, Paulo Victor Izidoro Vieira, André Luiz de Oliveira e o pastor Gerson Conceição de Oliveira. Os quatro foram exonerados em agosto, segundo informou Flordelis.

O pastor Gerson, por sua vez, é investigado pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo por supostamente ter participado do homicídio. Já Flordelis foi apontada como a mandante do crime, mas não foi presa.

Além dos quatro filhos, a deputada lotou em seu gabinete, entre fevereiro e julho de 2019, Luana Vedovi Rangel Pimenta, esposa de Wagner de Andrade Pimenta, um dos filhos que rompeu com a deputada.

A mulher do vereador pelo Podemos em São Gonçalo (RJ) Misael – como é conhecido Wagner Andrade de Pimenta – recebeu R$ 86,7 mil no período em que esteve lotada no gabinete. Ela chegou a receber salário de R$ 15.698,32.

Os dados foram levantados pelo Metrópoles junto ao Portal da Transparência da Câmara dos Deputados. O montante pode ser maior ainda, uma vez que o site não disponibiliza dados anteriores a setembro de 2019.

André Luiz de Oliveira, Carlos Ubiraci Francisco da Silva, Paulo Victor Izidoro Vieira e Gerson Conceição de Oliveira trabalhavam com a deputada federal desde fevereiro do ano passado.

 

Segundo apurado pelo Metrópoles, as investigações sobre a morte do pastor Anderson identificaram indícios de nepotismo e de suposta prática de “rachadinha” no gabinete da deputada federal.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu em 16 de setembro, do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), material que traria indícios de rachadinha no gabinete da parlamentar.

 

As informações repassadas pelo MPRJ serão analisadas pela PGR, que poderá, se for o caso, pedir a abertura de um inquérito contra ela no Supremo Tribunal Federal (STF). O caso tramita sob sigilo.

Ao Metrópoles, Flordelis alegou que as escolhas para qualquer assessor trabalhar no gabinete dela passam pelos escopos político e técnico, “assim como em quaisquer gabinetes espalhados pelo Brasil”.

“Repudio veemente (sic) a prática de nepotismo, afirmo que todas minhas nomeações estão amparadas na forma de lei, e todos meus assessores desempenham funções, seja ela (sic) técnica ou política”, completou, em nota.

 

Quem é cada um

André Luiz, que ganhou R$ 214,3 mil nos últimos 12 meses, é ex-marido de Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica da parlamentar e que foi presa por supostamente participar dos envenenamento do pastor.

Ele trocou mensagens com a deputada federal, segundo o Ministério Público, planejando a morte do pastor. “Fazer o quê? Se eu separar dele, vou escandalizar o nome de Deus”, disse a pastora em mensagem a André, segundo a investigação.

Segundo a deputada, André Luiz “exercia função política em meu gabinete no estado, o mesmo exercia função de atendimento e relacionamento político com lideranças de São Gonçalo, Niterói e Itaboraí”.

Carlos Ubiraci, que recebeu R$ 208,1 mil nos últimos 12 meses, é pastor e também foi preso suspeito de ter participado do planejamento do assassinato. Responderá por homicídio triplamente qualificado;

“Meu ex-assessor Carlos Ubiraci exercia função política, o mesmo era responsável pelo atendimento e relacionamento político junto às igrejas do estado [do Rio de Janeiro]”, disse a parlamentar.

Gerson Conceição, que recebeu R$ 232 mil nos últimos 12 meses, é alvo, junto a outras três pessoas, de uma nova investigação aberta pelo Ministério Público sobre o assassinato do pastor Anderson.

 A parlamentar disse que ele era responsável por visitas institucionais a escolas e hospitais para levantamento das necessidades para que os recursos orçamentários fossem bem direcionados.

Por fim, Paulo Victor, que tinha o menor salário entre os irmãos, recebeu R$ 36,1 mil nos últimos 12 meses. Ele não foi preso, nem apontado como suspeito de participar do assassinato de Anderson do Carmo.

“Meu ex-assessor Paulo Victor exercia função técnica em meu gabinete político no Rio de Janeiro. Ele era responsável pela criação de artes para alimentar meu perfil parlamentar nas redes sociais”, disse.

Mentora do assassinato

Apesar de denunciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro no último dia 24 de agosto, Flordelis não foi presa devido à imunidade parlamentar. Hoje, cinco filhos e uma neta dela estão presos.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) negou, nessa quinta-feira (25/9), pedido de suspensão de monitoramento por tornozeleira eletrônica feito pela deputada federal.

Para tomar a decisão, o magistrado reforçou que a Justiça não consegue intimar Flordelis para determinar o uso do equipamento. Nesta semana, um oficial a procurou no Rio de Janeiro, mas não a achou.

 

(Por:Tácio Lorran/Metrópoles)

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