domingo, 27 de setembro de 2020

Ministros do STF duvidam que Lula seja candidato em 2022. Avaliação dos magistrados leva em conta julgamento da suspeição de Sergio Moro e Lei da Ficha Limpa

DIRETO DE BRASÍLIA

 

 Ricardo Stuckert/PT

Reservadamente, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) acreditam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não será candidato nas eleições de 2022. A avaliação dos magistrados passa pela constatação de que, independentemente do julgamento que pode declarar o ex-juiz Sergio Moro parcial e reabilitar temporariamente o petista, o ex-presidente será condenado novamente em segunda instância em outros processos a que responde. Uma sentença proferida por órgão colegiado mantém o político como ficha suja e, portanto, fora do páreo na disputa pelo Palácio do Planalto. “Não acredito que Lula seja candidato. Existem vários outros processos contra ele” , disse, em caráter reservado, um ministro ouvido por VEJA.

Antes de Lula ter a possibilidade de decidir se vai ou não se candidatar para fazer frente ao presidente Jair Bolsonaro, o STF vai julgar se Sergio Moro agiu politicamente e com parcialidade ao condenar o petista no processo do tríplex no Guarujá. Quatro votos são conhecidos no colegiado – dois, dos ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, favoráveis a punir Moro por falta de isenção, e dois, de Edson Fachin e Cármen Lúcia, em favor do ex-juiz. O quinto poderá ser proferido pelo ministro que Bolsonaro escolher para a Corte e será definidor de quais serão os players na próxima eleição presidencial. Celso de Mello, decano do tribunal e originalmente o voto desempate no julgamento sobre a suspeição de Moro, anunciou antecipação de sua aposentadoria para o dia 13 de outubro e não participará do julgamento do caso.

A ideia de Gilmar Mendes, responsável por pautar o tema, é aguardar o início do próximo ano para colocar o assunto em votação em uma sessão plenária presencial, depois da pandemia e em um cenário que ele acredita que será de maior tranquilidade para discutir a fundo a atuação de Sergio Moro à frente da Lava-Jato.

Uma eventual declaração de suspeição de Sergio Moro derrubaria, ainda que de forma temporária, as restrições impostas pela Lei da Ficha Limpa para que Lula volte a se candidatar. Se confirmada, a sanção ao ex-juiz atingiria em cheio o processo do tríplex no Guarujá, mas poderia ter impactos também em outra de suas condenações, a que envolve o recebimento de propinas por meio de um sítio em Atibaia, já que parte dela tem as digitais de Moro. Os dois casos tenderiam de ser parcial ou integralmente refeitos. Até novas condenações em segunda instância – situação que os ministros do STF consideram provável – Lula, que em pesquisas de opinião aparece como o nome mais competitivo contra Bolsonaro, estaria temporariamente “elegível”.

 

 

 (Por Laryssa Borges/Veja.com.br)

Nenhum comentário:

Postar um comentário