ESQUEMA CRIMINOSO
Ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha é alvo de operação em condomínio na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.
O Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios (MP-DFT) e a Polícia Civil deflagraram, nesta quarta-feira,
3, a Operação Antonov contra um esquema de propina para baixar impostos
em combustíveis da aviação na capital federal. Entre os alvos dos
mandados de busca e apreensão estão o ex-presidente da Câmara dos
Deputados Eduardo Cunha e o ex-vice-governador do Distrito Federal Tadeu
Filippelli.
De acordo com a investigação, os crimes ocorreram entre 2012 e 2014. Há indícios de que as companhias aéreas Gol e TAM teriam pago R$ 4 milhões a Filippelli e R$ 10 milhões a Eduardo Cunha - que seria o intermediário entre as empresas e o governo do DF. O ex-presidente da Câmara dos Deputados cumpre prisão domiciliar por outros crimes.
As apurações foram abertas a partir de um acordo de colaboração premiada firmado entre o Ministério Público Federal e o operador Lúcio Funaro.
Filippelli e Cunha, que na época era deputado federal
pelo Rio de Janeiro, teriam recebido a propina para alterar uma lei
distrital e reduzir a alíquota de Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS) do querosene da aviação.
Os pagamentos a Cunha teriam sido recebidos por meio
de uma empresa administrada pela mulher dele, Cláudia Cordeiro Cruz, ou
por meio de transferências a companhias ligadas a Funaro. O operador
teria contratado o serviço dos doleiros Vinicius Claret, o "Juca Bala" e
Cláudio Barbosa, o "Tony", presos na Operação Lava Jato, para fazer com
que o dinheiro chegasse ao político.
Já Filippelli teria recebido as propinas com a ajuda
do operador Afrânio Roberto de Souza Filho e usado parte do dinheiro
para comprar imóveis comerciais na cidade de Taguatinga, no Distrito
Federal. Para os investigadores, há indícios de que, posteriormente,
eles foram usados para "integralizar o capital social da empresa
Lanciano Investimentos e Participações S/A, administrada por sua então
esposa Célia Maria Pereira Ervilha Filippelli", afirma o MP-DFT.
As suspeitas recaem ainda sobre Henrique Constantino,
empresário da Gol, que teria feito pagamentos a Cunha em troca da
liberação de empréstimo na Caixa Econômica e da desoneração da folha de
pagamento dos empregados do setor aéreo e rodoviário.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco), do MP-DFT, com apoio dos policiais civis, cumpre ao
todo 20 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro,
Distrito Federal, Espírito Santo e Goiás. A operação foi batizada de
Antonov em referência ao maior cargueiro de asa fixa do mundo.
Defesas
Os advogados Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso e
Délio Lins e Silva, que defendem Eduardo Cunha, se manifestaram por meio
de nota: "a operação de hoje é um retorno ao famigerado período das
pirotecnias acusatórias. Não há dúvida de que se trata de algo fabricado
politicamente, com o intuito de retaliar, de forma injusta, alguém que
vem cumprindo rigorosamente todas as condições que lhe foram impostas
pela Justiça ao conceder a prisão domiciliar. Não se buscou nem mesmo
disfarçar tamanha ilegalidade. Os próprios investigadores confessam que
os fatos, os quais não guardam qualquer relação com Eduardo Cunha, são
antigos, não passam de 2014. A defesa do ex-deputado confia nas
instâncias superiores do Poder Judiciário para corrigir tamanha
ilegalidade."
A Latam se manifestou dizendo que "não tem informações sobre esta
investigação. A empresa irá colaborar com as autoridades competentes."
Ao O DIA, a Gol informou que "a companhia permanece cooperando com as autoridades para prestar todas as informações necessárias".
(Por Estadão Conteúdo)
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