quarta-feira, 28 de julho de 2021

Gilmar Mendes encaminha para PGR quatro ações contra Braga Netto no STF. Ministro da Defesa virou alvo de pedidos de apuração por supostas ameaças às eleições de 2022

AMEAÇA A DEMOCRACIAGeneral Braga Netto, ministro da Defesa

 General Braga Netto, ministro da Defesa

BRASÍLIA — O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou para a Procuradoria-Geral da República (PGR) quatro ações apresentadas à Corte contra o ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, por supostas ameaças às eleições de 2022 caso o voto impresso não seja aprovado pelo Congresso. A abertura de vista à PGR, que decidirá sobre o encaminhamento dado aos pedidos, é uma medida de praxe.

Os pedidos foram protocolados pelos deputados do PT Natália Bonavides (RN), Bohn Gass (RS) e Paulo Teixeira (SP), pelo deputado do PSDB Alexandre Frota (SP) e pelo advogado Ronan Wielewski Botelho e têm como base a informação noticiada pelo jornal O Estado de S. Paulo no último dia 22. De acordo com a publicação, Braga Netto enviou o recado por meio de um interlocutor que não teve o nome revelado.

A notícia de fato apresentada pela deputada Natália Bonavides pede para que a PGR abra um inquérito contra o ministro da Defesa para apurar a prática de crimes de responsabilidade. No pedido feito ao STF, a congressista ainda requer que seja oferecida denúncia para a devida responsabilização dos agentes, "caso os fatos narrados sejam confirmados".

A deputada diz ainda que a atuação do ministro "tanto viola a separação de poderes como dois princípios fundamentais de uma democracia: a ocorrência de eleições periódicas e o impedimento da participação na política daqueles que têm o monopólio do uso legítimo da força".

De acordo com a ação Braga Netto "tem um comportamento deveras danoso à democracia no exercício de seu cargo. Braga Netto chegou ao Ministério da Defesa depois de uma crise militar provocada pela demissão do ex-ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, anunciada por meio de uma nota do ex-ministro que indicava a tentativa do Governo Federal de cooptar as Forças Armadas para a sua política".

 Já a notícia-crime apresentada por Gass e Teixeira quer a instauração de um procedimento investigatório criminal para apurar delitos previstos em três artigos da Lei de Segurança Nacional. Para os parlamentares, condutas como a do general, reportada pelo jornal, “caracterizam crime contra as instituições democráticas e contra a Constituição, não tendo qualquer amparo na liberdade de expressão albergada pela Carta da República”. 

Em seu pedido, Frota requer a “abertura imediata de ação penal” contra o ministro da Defesa por crime de responsabilidade. A defesa do deputado afirma na ação que a suposta ameaça de Braga Netto “é enterrar a democracia brasileira que de acordo com as declarações acima foi ameaçada no mais básico de seus direitos, o direito ao voto”.

Após a publicação da reportagem, o ministro da Defesa negou ter feito ameaças às eleições em 2022 e afirmou que a discussão e a decisão acerca do voto impresso cabem exclusivamente ao Congresso Nacional, onde tramita uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre o tema.

 

(Por:Agência O Globo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário