PODER
Aliados do governo avaliam que Bolsonaro precisa contemplar o Senado, principalmente agora quando está acuado pela CPI.
O presidente Jair Bolsonaro tem sido pressionado pelo Centrão a mexer na
articulação política do governo e a substituir os ministros Luiz
Eduardo Ramos (Casa Civil) e Onyx Lorenzoni (Secretaria-Geral). Um dos
nomes cogitados para a cadeira de Ramos é o do senador Ciro Nogueira
(PI), presidente do Progressistas. Aliados do governo avaliam que
Bolsonaro precisa contemplar o Senado, principalmente agora quando está
acuado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.
A
possível entrada de Ciro no governo, no entanto, é vista como uma
manobra arriscada até mesmo por seus pares. Motivo: ele comanda o
principal partido da base aliada e Bolsonaro nunca poderia demiti-lo,
sob pena de perder apoio. Para o lugar de Onyx um nome citado é o do
senador Davi Alcolumbre (AP), que também é do DEM.
Além de
abrigar a CPI da Covid, o Senado também vai avaliar em agosto, após o
recesso parlamentar, a indicação do advogado-geral da União, André
Mendonça, para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal.
Alcolumbre preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde
Mendonça será sabatinado, e tem mostrado resistências à indicação dele
para a vaga no Supremo.
Dirigentes do Centrão avaliam que Onyx só
trabalha para construir sua candidatura ao governo do Rio Grande do
Sul, em 2022, e não ajuda na articulação política. Além disso, a
percepção desses aliados é que a forma como ele atacou o deputado Luis
Miranda (DEM-DF) – que acusou o governo de acobertar um esquema de
corrupção nas negociações para compra da vacina indiana Covaxin –
provocou efeito bumerangue e acabou levando Bolsonaro para o meio da
crise.
Onyx tem muitos desafetos no Centrão e não são poucos os
que dizem que ele tem exposto o governo a situações vexatórias. Em
março, por exemplo, o ministro disse que lockdown não funciona para
frear a disseminação da covid-19 porque insetos podem transportar o
vírus. Foi desmentido em seguida por especialistas.
O general
Ramos, por sua vez, vem sendo apontado por governistas como o ministro
que deu informações erradas ao presidente sobre a votação do fundo
eleitoral de R$ 5,7 bilhões, na semana passada, fazendo com que
Bolsonaro acusasse o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL), de
“atropelar o regimento” na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO).
O deputado presidia a sessão que sancionou a LDO e o
fundo que agora Bolsonaro promete vetar. O presidente o chamou de
“insignificante” e atribuiu a ele a aprovação da verba “astronômica”
para financiar campanhas eleitorais.
Depois das críticas, Marcelo
Ramos – que publicamente mantinha posição neutra em relação ao Palácio
do Planalto – se declarou na oposição e agora está analisando os mais de
100 pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Em entrevista ao
Estadão/Broadcast Político, o deputado disse que a Câmara precisa
delimitar até onde o presidente pode ir. “Se não fizermos isso,
Bolsonaro vai avançar e marchar sobre a democracia”, afirmou.
Apesar
da pressão de dirigentes do Centrão – que estão retornando a Brasília,
nos próximos dias, para conversar com o presidente – , ainda não se sabe
como e quando será a reforma na equipe. Ramos, por exemplo, é amigo de
Bolsonaro, que sempre quer mantê-lo por perto e, no máximo, pode
trocá-lo de cargo.
(Por:Estadão Conteúdo)
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