CÂMARA DOS DEPUTADOS
Congresso decidiu turbinar o financiamento das campanhas eleitorais de 2022, com uma mudança nas regras apresentada de última hora.
Uma tentativa de barrar o fundão eleitoral que praticamente triplicou os
repasses públicos para campanhas políticas teve o apoio de apenas cinco
partidos. Cidadania, PSOL, Podemos e PSL foram os únicos a apoiarem uma
mobilização feita pelo Novo, para rejeitar o fundo de R$ 5,7 bilhões
incluído na votação da Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) no Congresso
na quinta-feira (16). Atualmente, 24 partidos políticos têm
representação na Câmara dos Deputados.
O Novo apresentou ao
plenário um pedido de alteração do texto-principal, o chamado
“destaque”, para retirar das regras do Orçamento a previsão de um
cálculo para o financiamento de campanha. Com isso, o montante teria de
ser definido na Lei Orçamentária Anual (LOA), a ser entregue pelo
governo ao Congresso até agosto. Como há necessidade de cortar recursos,
isso dificultaria o aumento. O pedido, porém, não conseguiu convencer a
maioria das legendas.
A votação desse destaque apresentado pelo
Novo foi simbólica, ou seja, sem a contagem nominal de votos. Dessa
forma, não é possível saber exatamente como votou cada parlamentar em
relação a esse tema, especificamente. A única votação nominal feita
refere-se ao texto geral da LDO, que tratava de toda aplicação do
dinheiro público no País, e não apenas de repasses para campanha.
As
lideranças do Cidadania, PSOL e Podemos se manifestaram em apoio ao
pedido do Novo. Cerca de 15 minutos após o encerramento da votação, o
PSL também se manifestou favorável. “Os deputados estão me acionando
bastante para deixar registrado somente que o partido é contra o fundo
eleitoral nos moldes em que está”, disse o deputado general Peternelli
(PSL), em nome do seu partido.
Na Câmara, Cidadania (8), PSOL
(9), Podemos (10), PSL (53) e Novo (8) somam 88 deputados, mas seriam
necessários 257 votos para a aprovação do destaque.
“Nós somos
contrários ao uso de dinheiro público para financiamento de campanhas.
Na nossa opinião, dinheiro público tem que ser utilizado para a saúde,
para a segurança e para a educação. Não faz nenhum sentido, na nossa
visão, todos os cidadãos brasileiros pagarem essa conta, todos os
cidadãos brasileiros financiarem partidos políticos e financiarem
campanhas”, disse a deputada Adriana Ventura (Novo), ao defender o
destaque no plenário.
Ontem, o Congresso decidiu turbinar o
financiamento das campanhas eleitorais de 2022, com uma mudança nas
regras apresentada de última hora. A alteração na construção do
Orçamento do próximo ano reserva R$ 5,7 bilhões para as campanhas do ano
que vem. Esse montante (sem descontar a inflação) de dinheiro público
representa um aumento de 185% em relação ao valor que os partidos
obtiveram em 2020 para as disputas municipais - R$ 2 bilhões. É também
mais que o triplo do que foi destinado às eleições de 2018, quando foi
distribuído R$ 1,8 bilhão.
(Por:Estadão Conteúdo)
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