quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Terceirizados da Saúde queimam pneus em protesto contra atraso salarial e 13º. Funcionários de hospitais estaduais estão em greve desde 11 de dezembro e reclamam de "calote" da Sesap

PROTESTO

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Alessandra Bernardo
alessabsl@gmail.com

Com os salários atrasados desde novembro e direitos trabalhistas como 13º e férias sem serem pagos desde julho passado, os funcionários terceirizados da Saúde estadual queimaram pneus em protesto contra a situação, na manhã desta terça-feira (30), em frente ao Hospital Walfredo Gurgel, no Tirol. A greve da categoria, iniciada no último dia 11, afeta os trabalhadores das áreas de limpeza e higienização, cozinha, nutrição, maqueiros e assistência e vigilância à saúde.

Segundo o coordenador do Sindicato dos Servidores da Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde), Manoel Egídio Júnior, a situação é ainda pior porque muitos terceirizados estão sem ter como pagar suas contas e até comprar alimentos e não há nenhuma indicação de que o atual governo pague suas dívidas. Ele disse ainda que a categoria está sem receber também o vale-alimentação, o que reforça mais a precariedade deles.

“Temos gente com contas de água e energia elétrica atrasadas, sem ter feito a compra do mês para a família e sem perspectiva nenhuma para os próximos dias, já que o governo já confirmou que não tem dinheiro para pagar às empresas. Nem comprar comida dá, porque também não receberam o vale-alimentação deste mês. É uma situação de calamidade para essas famílias”, falou.

A funcionária Socorro da Silva disse que não sabe o que fazer para manter a sua família, porque somente ela trabalha dentro de casa para sustentar dois filhos. “Está muito difícil viver assim, trabalhando e sem saber quando vou receber meu salário, nem a primeira parcela do 13º ou as férias nos foi pago ainda. Meu Natal foi bom só porque nós estávamos com saúde, mas fora isso, foi uma tristeza grande”, desabafou.

Ela revelou ainda que está com suas contas referentes ao mês de novembro todas atrasadas e que as faturas de dezembro que chegaram não têm data para serem pagas. “Só eu trabalho para sustentar minha família, não tenho outra fonte de renda. Vou pagar o que puder, para não ter os serviços cortados, mas as mais novas vão ficar aí até quando Deus nos ajudar. Nunca aconteceu isso, mas esse ano está sendo muito complicado”, afirmou.

Para Magna Medeiros, que trabalha na cozinha do Walfredo Gurgel, também está passando por momentos delicados em família por conta dos atrasos dos salários e direitos trabalhistas. Mãe de três crianças, ela afirmou que está comprando alimentos fiado em mercadinhos próximos à sua residência e que já tem contas mensais vencidas. Apesar das dificuldades, ela disse acreditar que a sua situação melhore com a mudança de governo estadual.

“Temos que ter esperança, porque não tem condição de ficar pior do que já está. Meu Natal foi alegre porque estava com meus três filhos com saúde, mas estou apreensiva porque tenho que comprar comida fiado e estou com o aluguel da casa atrasado”, falou.

Governo alega falta de dinheiro
O futuro secretário de Saúde, Ricardo Lagreca, assume a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) a partir da próxima quinta-feira (1º) com dívidas que somam aproximadamente R$ 70 milhões com fornecedores de medicamentos, insumos hospitalares e outros e ainda com prestadores de serviços. Apesar do cenário assustador, ele afirmou que está preparado e que priorizará a regularização dos débitos que estão em atrasos.

E também com uma greve que já dura 20 dias e que afeta os hospitais públicos do Estado, como o especializado em doenças infecto-contagiosas Giselda Trigueiro, nas Quintas; o Hospital Psiquiátrico João Machado, no Tirol; Santa Catarina, na zona Norte; o Infantil Maria Alice Fernandes e o Hemonorte, entre outros.

Durante a paralisação dos terceirizados, apenas 30% dos serviços essenciais estão garantidos nas unidades hospitalares do Estado. No Hospital Walfredo Gurgel, a direção informou que a limpeza e higienização nos blocos cirúrgicos, Unidade de Terapia intensiva (UTI) e atendimento a pacientes politraumatizados está totalmente coberta, com 100% dos funcionários trabalhando. Já nos demais setores, como o administrativo, o índice chega a 50%.

Conforme a assessoria da Sesap, além da falta de autonomia financeira da pasta e a falta de dinheiro alegada pela Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan) para efetuar o saldo das dívidas da Saúde, o Estado não tem previsão de pagamento dos salários atrasados, já que sem o repasse dos recursos para as empresas terceirizadas, estas não podem cumprir os direitos trabalhistas dos funcionários. Também foi informado que há um processo tramitando na Seplan para a atualização dos valores pagos às empresas, que ainda não foi analisado pela pasta.

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