IMPEACHMENT ARQUIVADO
Por 18 votos contrários, três a favor e uma abstenção, o plenário da
Câmara Municipal de Natal rejeitou em sessão ordinária, realizada nesta
terça-feira (21), o pedido feito pelo vereador Sandro Pimentel (PSOL)
para abertura de processo de cassação do mandato do prefeito Carlos
Eduardo Alves. A denúncia tem por base a antecipação, em 2016, das
receitas do IPTU de 2017, prática proibida pela Lei de Responsabilidade
Fiscal. Com a decisão, a matéria será automaticamente arquivada.
Durante a votação da matéria, os vereadores travaram uma discussão
obstinada com argumentos pró e contra o processo de impeachment. Do lado
da oposição o discurso era de que o prefeito descumpriu o orçamento
aprovado para o exercício financeiro. "O prefeito cometeu a maior
pedalada da história da nossa cidade, haja vista que esse tipo de medida
desrespeita o planejamento e os investimentos públicos para o ano
fiscal seguinte. Este parlamento perdeu a grande chance de passar essa
questão a limpo", defendeu o vereador Sandro Pimentel.
Enquanto isso, a vice-líder da bancada governista, vereadora Nina Souza
(PEN), foi enfática em seu discurso quando solicitou o arquivamento do
texto. "Não houve dolo nem crime de responsabilidade. Li toda a peça e
não encontrei nenhuma irregularidade ou infração penal. Portanto,
acredito que devemos voltar nossas atenções para os reais problemas que
afligem a população", justificou.
Segundo a vereadora Eleika Bezerra (PSL), a abertura do processo seria
uma oportunidade para investigar os fatos apresentados na denúncia.
"Acredito que para as coisas ficarem mais transparentes o texto deveria
ter sido aprovado. Não se tratava de condenar sumariamente, mas de abrir
a possibilidade de explicar o que, para mim, ainda não está claro",
afirmou a parlamentar, que votou a favor da abertura do processo.
O vereador Cícero Martins (PTB), que votou contra a matéria, disse que
não há crime porque não houve tipificação. "Em tempo, o prefeito Carlos
Eduardo foi eleito com mais de 60% dos votos. Portanto, o povo aprovou
sua gestão, deu credibilidade e permitiu mais quatro anos de mandato.
Trata-se de garantir que os valores democráticos sejam respeitados em
nossa cidade".
Já o vereador oposicionista Fernando Lucena (PT) ressaltou a Lei de
Responsabilidade Fiscal. "O prefeito Carlos Eduardo usou os recursos
indevidamente ou não? Esta é a questão posta aqui. A Lei de
Responsabilidade Fiscal, em seu artigo 38, determina que a antecipação
de receita de imposto é proibida no último ano de mandato de
presidentes, governadores ou prefeitos. O parecer do Tribunal de Contas
aponta com clareza que houve, sim, crime de responsabilidade. Só não vê
quem não quer!", explicou o petista.
"Quero parabenizar as bancadas de oposição e situação pelo elevado
nível do debate. Porque é isso que a sociedade espera da gente. Houve,
sim, uma antecipação da receita. Porém, não se justifica penalizar um
gestor por excesso de legalismo. Dito isso, acredito que o plenário foi
preciso na decisão que tomou. A despeito da crise que o país atravessa,
os serviços públicos continuam sendo oferecidos à população e os
salários dos servidores estão em dia", concluiu o presidente da Casa,
vereador Raniere Barbosa (PDT).
(PotiguarNotícias)
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