“Bandido que dá tiro para matar tem que
tomar tiro para morrer”. A frase, que poderia se encaixar em algum filme
policial, está no parecer do promotor Rogério Leão Zagallo, do 5º
Tribunal do Júri de São Paulo. O MP-SP (Ministério Público de São Paulo)
encaminhou o documento para a corregedoria apurar a conduta do
integrante.
O parecer opina pelo arquivamento de um
inquérito aberto para apurar a morte de uma pessoa em uma troca de
tiros, entre um policial e dois supostos assaltantes. O inquérito
investigava as condições em que ocorreu a morte do suspeito.
O documento começa narrando os fatos do
dia em que as mortes aconteceram. Segundo o relato, o policial estava
dentro de um carro parado no semáforo quando foram abordados por dois
homens armados.
Os dois suspeitos entraram no veículo e
anunciaram o assalto, e o policial lhe deu voz de prisão. Teria
ocorrido, então, a troca de tiros. Um dos acusados teria sido, neste
momento, segundo o policial, atingido, enquanto o outro fugiu.
O promotor segue narrando o que
aconteceu, mas agora com elementos cinematográficos. “Após tal fato,
quase toda a Polícia Civil, os Jedis, os Power Ranger, os Brasinhas do
espaço, a Swat, Wolverine, o Exército da Salvação, os Marines, Iron Man,
a Nasa, os membros da Liga da Justiça e o Rambo, auxiliados pelo
invulgar investigador Esquilo Secreto, se irmanaram e realizaram uma
operação somente vista em casos envolvendo nossos bravos policiais
civis”, descreve o promotor.
“Sem embargo do esforço — e que esforço —
dos membros da força tarefa intergalática, Thiago [o assaltante que
escapou] não foi preso. Para identificar e prender o parceiro do
falecido (foi tarde…) Antônio”, explica o integrante do Ministério
Público.
Sempre que o promotor se refere ao
suposto criminoso morto pelo policial tece elogios à ação. “O agente,
portanto, matou um fauno que objetivava cometer um assalto contra ele,
agindo absolutamente dentro da lei”, diz o parecer.
Ele encerra o parecer opiniando pelo
arquivamento do inquérito contra o policial “Bandido que dá tiro para
matar tem que tomar tiro para morrer. Lamento, todavia, que tenha sido
apenas um dos rapinantes enviado para inferno. Fica aqui o conselho para
[nome do policial]: melhore sua mira”, finaliza.
(JornaldoPaís)
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