quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Aécio muda discurso para blindar seu ministro-correligionário. Senador criticou Fachin em 2015 por ligações partidárias, mas hoje não vê problemas em um ministro do Supremo ser filiado a uma legenda, no caso, a sua

POLÍTICA
Aécio Neves, como nove de cada dez políticos, molda o discurso ético de acordo com seus interesses pessoais e partidários. Mas a última pérola proferida pelo presidente do PSDB vai ser especialmente difícil de passar na goela do eleitorado mineiro.

Quando estava na oposição, em 2015, Aécio mostrou-se indignado com a indicação de Edson Fachin para o Supremo. De fato, o agora relator da Lava Jato apoiou a candidatura de Dilma Rousseff em 2010, era simpático ao Movimento Sem-Terra e advogou em processos particulares enquanto era procurador do Paraná.

Aécio, na ocasião, não aliviou ao analisar a possibilidade de Fachin chegar ao tribunal: “Não é possível que a gente tenha um ministro do Supremo Tribunal com vinculações e compromissos partidários”, disse à “Folha de S.Paulo“.

Um ano e meio depois, quem enfrentou a sabatina do Senado por uma cadeira no Supremo foi o correligionário do tucano, Alexandre de Moraes, filiado ao PSDB até ontem.

O rigor de Aécio mudou na velocidade da maré que o levou para a base do governo.

No Twitter, ontem, ele saiu em defesa do aliado:  “O STF, ao logo de sua história, teve, entre os seus mais ilustres membros, cidadãos que tiveram militância política. Isso não comprometeu a isenção e o equilíbrio com que atuam na mais alta Corte do país”.

Resta saber se a ligação partidária terá o mesmo peso na atuação de Moraes no Supremo quanto tem na de Aécio no Senado.

( Gabriel Mascarenhas/Radar On-line)

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