Trabalhadores deram início ao que será, provavelmente, o último dia de demolição do Hotel Reis Magos
Segundo operários que trabalhavam no local, a previsão é de que até o começo da tarde toda torre do prédio venha ao chão.
No
período da manhã, os operários fizeram várias tentativas para derrubar o
topo da torre, com o uso de cabos de aço, puxados por
retroescavadeiras. O resto do trabalho seria feito pelas próprias
máquinas, depois que a estrutura de ferro e concreto armado estivesse ao
alcance da pá carregadeira.
Depois de
derrubar a torre, o próximo trabalho do Grupo Duarte é transportar os
entulhos para São José do Mipibu, a 37 quilômetros ao sul de Natal, onde
a empresa tem uma área para descarte e reciclagem de material de
construção em desuso.
A demolição do
equipamento começou após um longo imbróglio judicial envolvendo Governo
do Estado, Prefeitura do Natal e Justiça Federal.
No
dia 9 de janeiro, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte negou
dois pedidos feitos pelo Instituto dos Amigos do Patrimônio Histórico e
Artístico-Cultural e da Cidadania (IAPHACC) para impedir a demolição da
estrutura do antigo Hotel Internacional Reis Magos.
A
demolição da estrutura onde funcionava o antigo Hotel Internacional
Reis Magos, fechado desde 1995, começou na tarde do dia 8 de janeiro,
uma quarta-feira, às 15h10. Após o Estado, por meio da Fundação José
Augusto e Secretaria de Educação e Cultura (SEEC) afirmarem que não
tinham condições de deliberar sobre o tombamento do prédio no prazo
concedido pelo TJRN, o município expediu o alvará de demolição e a
Hotéis Pernambuco S/A tratou de dar início ao processo.
O
grupo, inclusive, ainda não tem projetos para área. Em entrevista à
TRIBUNA DO NORTE no início da demolição, o advogado João Vicente,
representante do Hotéis Pernambuco, disse que os planos para a área
dependem das definições do Plano Diretor de Natal, que deverá ser
revisado neste ano.
O Hotel
Localizado
na Praia do Meio, zona Leste de Natal, o Hotel Internacional Reis Magos
foi fundado em setembro de 1965 pelo então governador do Rio Grande do
Norte, Aluízio Alves. O empreendimento funcionou como hotel de luxo
entre 1965 e 1995, quando foi desativado. Atualmente, o local estava em
ruínas, deteriorado e acumulando lixo e sujeira.
O
complexo possuía 63 apartamentos, uma suíte presidencial, recepção,
salões nobres, elevadores, parque aquático, sauna, playground,
restaurante, estacionamento, entre outras áreas. O empreendimento foi
adquirido pelo grupo Hotéis Pernambuco S/A em 1978, que operou o local
por 10 anos, após uma grande reforma em 1979/1980. Depois, o local foi
arrendado de 1989 a 1995; e de 1995 a 2002. Nesse último período houve
ordem de despejo litigioso para o ocupante.
Em
2013, o grupo anunciou que faria a demolição do prédio para a construção
de um empreendimento comercial, mas a proposta gerou desconforto e
protestos por parte de estudantes de arquitetura. Na avaliação da defesa
da empresa, laudos comprovavam que a estrutura do prédio não suportaria
uma restauração.
Em 2014, a Fundação José
Augusto (FJA) chegou a tombar o Reis Magos de maneira provisória. O
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em
fevereiro de 2017, negou o tombamento do hotel.
Paralelo
a isso, corria outro processo proposto pelo Estado do Rio Grande do
Norte. Em maio de 2019, em grau de recurso, o Tribunal Regional Federal
da 5ª Região (TRF5) negou o tombamento judicial, mas advertiu
expressamente que a decisão não significava autorização para a demolição
do imóvel, tendo em vista a tramitação de processos administrativos de
tombamento nas esferas estadual e federal.
Em
agosto de 2019, o Conselho Municipal de Cultura e o Conselho de Turismo
de Natal se posicionaram a favor da demolição do hotel Reis Magos.
Antes, em julho de 2019, o Iphan chegou a reabrir o processo de
tombamento e pediu prova de relevância nacional do Hotel Reis Magos. Em
setembro, o órgão federal negou novamente o processo.
(Por:TN)
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