CARNAVAL NO RIO DE JANEIRO
A Unidos da Ponte foi a terceira escola a pisar na Sapucaí, na noite
desta sexta-feira, e o carnavalesco Lucas Milato apresentou o enredo
“Elos da Eternidade”, que propôs uma reflexão sobre a relação da
humanidade e a preservação do samba. A agremiação exibiu uma comissão de
frente que arrancou aplausos do público e jurados, com o marcante “E o
samba resiste com os sambistas” ao final da apresentação e a garra dos
integrantes. No entanto, os erros nas estruturas dos carros dificultaram
o visual estético, reduzindo sua qualidade. A azul e branca de São João
de Meriti terminou o desfile com 53 minutos.
Comissão de frente
Com o intuito de representar “O caos” a comissão, preparada pelos coreógrafos Léo
Torres e Daniel Ferrão, teve uma performance teatral, segura, e, aliada
com o efeito dramático da pintura facial de todos os participantes,
criou um efeito marcante. Com integrantes de preto e um central de
amarelo, a representação foi do caos, o universo em expansão e a
explosão da vida com o big bang. Sincronizados com o samba foram fiéis a
representação, o chapéu e o colete contribuíram nessa relação. Ao
final, com a representação da memória os integrante retiram sua saiais e
um chapéu, em figura de ‘malandros’ estendem letras que formam a frase
‘E o samba resiste com os sambistas’. Com muitos aplausos do público
criam o efeito desejado pelo enredo, de finalizar o elo da eternidade
com a resistência e exaltação do samba e dos sambistas. Aplausos esses
também conquistados de grande parte dos jurados no terceiro módulo. Vale
pontuar que a saia de um dos integrantes estava soltando e quase caindo
em frente ao terceiro módulo dos jurados, dificultando a encenação.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Unidos da Ponte,
Yuri Souza e Camyla Nascimento, apresentou a sincronia adequada, com
elegância e em uma coreografia equilibrada com o samba da escola, sem
muitos floreios. O mestre-sala bailou com precisão e habilidade. A
porta-bandeira teve dificuldade na condução do pavilhão e nos giros,
talvez, em função da chuva ou pela fantasia pesada, dificultando os
movimentos. Em relação fantasia, muito luxo, materiais de qualidade e
causando um efeito de luxo ao casal.
Embora o carro de som tenha sustentado com força o desfile inteiro, o
canto ficou aquém e não fez a escola pulsar. Praticamente não houve
interação dos componentes. O intérprete Leandro Santos e seu carro de
som levaram a escola de forma equilibrada. Sem ser explosivo, o samba
foi mantido com regularidade durante todo o desfile.
Enredo
A Unidos da Ponte propôs para este desfile uma reflexão sobre a
eternidade para despertar o sambista para questões referentes ao samba e
a sua manutenção. Com a passagem do tempo se pensa no que se viveu,
fazendo referência aos versos de um samba para explicar sua trajetória. O
enredo apresentou uma carga poética e subjetiva forte, utilizando até
mesmo como referência o desfile ‘Ziriguidum 2001’, de Fernando Pinto, na
Mocidade em 1985.
Evolução
Algumas alas desordenadas’, mas no geral da escola conseguiu segurar bem
o andamento ideal que necessitava para cruzar a Avenida, com
componentes alegres e brincando bastante.
Samba
O samba mostrou qualidade com a forte carga histórica, proposta esta em
ligação com o enredo. A parte do refrão ‘se o samba agoniza, a Ponte
eterniza. A razão do meu imaginar” caiu certo.
Fantasias
Criativas e com qualidade, entrosadas com o enredo, criaram uma
percepção de interpretação do mesmo muito inteligente. As primeiras alas
com fantasias pouco sustentadas, mas a partir da ala 5 (“O ritual da
apoteose’) começaram a ganhar mais beleza e significados fortes e
criativos. Ala 10 (“O sorriso de Monalisa”) com qualidade de acabamento e
conceito inteligente, os componentes seguravam a imagem do quadro e
Monalisa em uma haste, no entanto, muitos seguiram com as imagens
abaixadas, o intuito era tê-las ao alto. Ala 15 (“Os sacerdotes das
pirâmides do Egito”) bem acabada.
Alegorias
Todas apresentaram esculturas com os pescoços rasgados e abertos,
podendo ver o pano interno e a parte interior. O abre-alas tinha
problemas de acabamento. A partes traseira estava com o ferro aparente e
a escultura principal com pintura faltando. No segundo carro, a
escultura também tinha uma expressiva falha de confecção. A última
alegoria passou apagada.
(Por:O Dia)
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