'MOEDA ACUMULA ALTA HISTÓRICA'
Ministro Paulo Guedes defende reestruturação do setor público - Cris vicente/Divulgação
Questionado sobre a alta do dólar, o ministro da Economia, Paulo Guedes,
afirmou nesta quinta-feira, 5, que "isso era perfeitamente previsível".
Em seguida, ensaiou uma lista de explicações: "Tem o coronavírus, a
desaceleração global, incertezas...O que vocês (imprensa) estavam
dizendo há um ou dois dias? Que está um caos, que o presidente não se
entende com o Congresso, que não está havendo coordenação política, toda
hora tem uma bomba... Se está havendo todo esse frisson, o dólar sobe
um pouco."
Guedes disse também que o câmbio preocupa quando sobe
rápido, mas, para isso, o Banco Central (BC) atua. "Está provendo boa
liquidez", comentou.
O ministro também afirmou que empresas que remetem recursos para fora do País também influenciam a cotação do câmbio.
Mídia
Ele
sugeriu que a mídia tem relação com o aumento do dólar. "Como estamos
confiantes de que a mídia vai entender que o Brasil está mudando para
melhor, é uma questão de tempo. Se vocês estiverem menos nervosos daqui a
um mês, quem sabe o dólar acalma", disse.
'Quatro por quatro'
Além
disso, Guedes afirmou que o modelo econômico do Brasil é "quatro por
quatro", com juros na casa dos 4% e dólar na casa dos R$ 4.
PIB
O
ministro da Economia afirmou que a projeção dele para o Produto Interno
Bruto (PIB) em 2020 é de crescimento de 2% e admitiu que trabalha com
uma estimativa diferente da calculada pela Secretaria de Política
Econômica (SPE), subordinada à pasta que ele comanda. Ele concedeu
entrevista a jornalistas depois de ter participado de encontro com
empresários promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo (Fiesp).
A previsão da SPE para 2020 é de expansão de 2,4% e a expectativa é que o número seja revisado na semana que vem.
Guedes
disse que "sempre" trabalhou com um cenário em que a economia crescia
1% no primeiro ano do governo Bolsonaro 2% no segundo ano. Guedes
ressaltou que a estimativa da SPE é calculada por "economistas
sofisticados", que recorrem a modelos econométricos.
Impacto do coronavírus
O
ministro da Economia afirmou ainda que, pelas contas dos economistas
que trabalham com ele, o impacto negativo do coronavírus na economia
brasileira seria de 0,5 ponto porcentual, na pior das hipóteses, em um
cenário de crescimento de 2,5%. Na melhor das hipóteses, segundo ele, o
impacto seria de apenas 0,1 ponto porcentual.
Para o ministro, o
coronavírus vai afetar mais onde está o foco da epidemia, a China, e as
economias mais abertas, como é o caso também do país asiático. No caso
do Brasil, ele disse, a economia é uma das mais fechadas do mundo.
"Quando o vento é a favor, não pega tanto. Então, com o vento contra,
também não pega tanto", afirmou.
Guedes disse ainda que o
resultado do PIB de 2019 poderá ser revisado pelo IBGE, como aconteceu
nos anos anteriores. Pela margem de erro do instituto, disse o ministro,
a expansão registrada para o PIB de 2019 poderia subir de 1,1% para
1,4%.
Mansueto
O ministro também comentou
as declarações dadas mais cedo pelo secretário do Tesouro Nacional,
Mansueto Almeida. "Se o Mansueto esperava PIB a 3%, ele está frustrado",
disse. Mas depois concordou com o secretário: "Sim, 1% de crescimento
para um país em desenvolvimento é pouco, pois o Brasil crescia 7,3% há
40 anos."
(Por:Estadão Conteúdo)
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