POLÍTICA, RN
Procurador-geral de Contas, Thiago Guterres, disse que não é possível concluir se houve dolo
O procurador-geral do Ministério Público de Contas do Rio Grande do Norte,
Thiago Guterres, avalia que é cedo para afirmar que o governo potiguar
teve intenção de fraudar a compra de respiradores pulmonares através do
Consórcio Nordeste. Em abril, a gestão estadual pagou R$ 4,9 milhões
para adquirir 30 respiradores em uma compra conjunta com os outros oito
estados da região, mas não recebeu os equipamentos nem o dinheiro de
volta.
Os respiradores pulmonares são imprescindíveis para a assistência aos
pacientes com Covid-19 em estado grave, que necessitam de internação em
leito de tratamento intensivo. Esses pacientes, acometidos pelo novo
coronavírus, precisam do equipamento porque não conseguem respirar por
conta própria.
Após a compra frustrada, os próprios governadores informaram aos
órgãos de controle que haviam sido vítimas de uma fraude. O caso, que
gerou até a prisão temporária de integrantes da empresa que recebeu o
dinheiro e não forneceu os equipamentos, está sob investigação no
Superior Tribunal de Justiça e nos tribunais de contas de Bahia, Sergipe
e Rio Grande do Norte.
“É precipitado falar que o Governo do RN teve intenção de fraudar
simplesmente por repassar sua quota-parte (na compra). Temos que
aguardar a investigação tanto do processo criminal quanto dos processos
de fiscalização dos TCEs”, disse Guterres nesta terça-feira (30), em
entrevista ao Agora RN.
No início do mês, o conselheiro Gilberto Jales, do TCE/RN, pediu que a
Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) explicasse por que pagou
pelos respiradores de forma antecipada sem contrato firmado. A pasta já
enviou sua manifestação, que está sob análise. Apesar disso, o
procurador-geral de Contas afirma que “a análise da culpabilidade
decorrente do descumprimento dessa formalidade (assinatura prévia do
contrato) ainda está sendo apurada”.
Thiago Guterres ressalta que só o TCE da Bahia poderá julgar a
legalidade total da compra de respiradores, já que o Consórcio Nordeste é
liderado pelo governador baiano, Rui Costa. “Os demais TCEs devem
avaliar a regularidade do rateio, isto é, o repasse da quota-parte por
cada Estado membro do Consórcio”, explica o procurador.
Segundo o representante do Ministério Público junto ao Tribunal de
Contas, ainda não é possível concluir se houve “dolo”, ou seja, intenção
do governo potiguar ou das demais gestões estaduais de fraudar a compra
dos equipamentos. “A compra sem licitação, feita pelo Governo da Bahia,
foi autorizada pela Lei 13.979/2020, devido ao contexto da pandemia”,
ressalta Guterres.
(Por:AgoraRN)
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