VOLTA AO PASSADO

Região Serrana era destino de nobres e ricos que tentavam fugir do surto de febre amarela na capital - Divulgação
Que 2020 mexeu com a rotina de todos, já sabemos. Mas que legado o Rio de Janeiro deixará depois de mais esse desafio na saúde pública? Uma volta ao passado ajuda a compreender o impacto de uma pandemia em uma cidade ou mesmo um país. O canal do YouTube “História e Tu” foi buscar os registros do passado, e relembra o poder de transformação que um enfrentamento como esse pode causar.
Em 1850, o Rio de Janeiro tinha 244 mil habitantes quando a febre amarela atacou em cheio a cidade, contaminando 1/3 da população.
O número de mortes chegou a 4.160. Uma das alternativas para evitar o
contágio para aqueles que tinham recursos era subir a serra. A Região Serrana era destino dos nobres e ricos naquele período.
E hoje vemos uma nova pandemia avançar por todo mundo, somente no Rio de Janeiro já são mais de 9 mil mortes
pelo novo coronavírus. E, assim como verificado depois da descoberta do
vetor da febre amarela, foi percebido que nenhuma região estava livre
de casos da doença, como ocorre hoje, com a Covid-19.
Nem mesmo Dom Pedro II
e a princesa Isabel foram poupados. Pedro Afonso, filho de Dom Pedro,
não resistiu à doença e morreu com apena um ano e meio. Na época, foi
considerado que os negros seriam portadores da febre amarela. Alguns
historiadores chegam a afirmar que a doença pode ter contribuído para o
fim da escravidão.
A pandemia era um entrave econômico
para a nova nação brasileira, que queria atrair os imigrantes para
trabalharem nas terras. Mas os europeus escolhiam por destinos livres da
febre amarela e o Brasil teve que avançar nessa defesa. O Rio de
Janeiro era ainda pobre em estrutura sanitária.
Na virada para o século XX foram iniciadas as obras de construção de esgoto e as habitações consideradas como “cortiço” passaram a ser demolidas por serem consideradas pontos de disseminação da doença.
Mas a cidade, que já foi sede do governo brasileiro e que é a mais turística do país, fez muito pouco em estrutura urbana ao longo dos séculos. Hoje, segundo o Instituto Trata Brasil, apenas 42% dos esgotos do Rio de Janeiro são tratados.
O que gera poluição dos recursos hídricos, solo, e, consequentemente,
problemas para a saúde pública, facilitando o contágio de doenças. Por
outro lado, o número de pessoas vivendo em favelas é um dos maiores do
mundo em termos percentuais. Pelo menos dois milhões de cariocas vivem
em condições precárias segundo o Instituto Data Favela.
Segundo a professora de História e uma das fundadoras do canal “História e Tu”, Zilmar Nascimento, a volta ao passado pode ajudar entender como as antigas gerações lidaram com desafios semelhantes aos de hoje, e que nossa capacidade de enfrentamento está diretamente relacionada ao que foi feito nesse período.
“Essa
volta ao passado ajuda a entender nossos próprios recursos. Como
avançamos ou não nesse processo? O que foi deixado de legado para esse
tempo? E o que vamos deixar para o futuro também? Um dia farão essa
mesma cobrança”, conta Zilmar Nascimento.
A falta de conhecimento
sobre o contágio da febre amarela que perdurou por anos naquele
período, com os avanços tecnológicos, não é que mais nos assusta neste
momento. A Covid-19 foi identificada, sequenciada geneticamentes, sendo o
grande desafio desta vez encontrar uma vacina. Assista ao vídeo que narra como era a vida nos tempos de Império e pandemia e veja as semelhanças, as diferenças e, principalmente, o impacto da pandemia no Estado do Rio de Janeiro.
O Canal “História e Tu” já produziu mais de cinco mil horas de conteúdo retirados de pesquisas em livros,
e roteirizados pela dupla de professores de História do Ensino
Fundamental em Porto Velho, no Estado de Rondônia, Zilmar Nascimento e
Danilo da Silva, que trabalham em uma escola Estadual.
(Por O Dia)
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