sexta-feira, 31 de julho de 2015

Polícia encontra ossada e reforça suspeitas sobre assassino em série

ASSASSINATOS
 Hudson Helder
chefe de reportagem

Carlos Alexandre Andrade, 38 anos, natural de Currais Novos, semi-analfabeto, sem parentes conhecidos, considerado uma pessoa tranquila entre os amigos da comunidade onde vivia, e agora tratado pela polícia como possível assassino em série, suspeito de ao menos três homicídios e quatro crimes de violência sexual praticados sempre em áreas semi-urbanas localizadas entre o município de Extremoz e o bairro Lagoa Azul, zona norte de Natal. Na manhã de ontem, investigadores da Polícia Civil localizaram uma ossada humana que pode ser da enteada do caseiro, desaparecida havia sete anos, em uma cova rasa no quintal de uma casa a menos de 100 metros de onde viveu Alexandre Andrade.


Magnus NascimentoCasa de Lindomara é cercada por dunas em área semi-urbana da Zona Norte e fica a menos de 100 metros de onde viveu AlexandreCasa de Lindomara é cercada por dunas em área semi-urbana da Zona Norte e fica a menos de 100 metros de onde viveu Alexandre

O cadáver localizado ontem pode ser de Lindomara Soares da Silva, 28 anos, que desapareceu no dia 2 de março de 2008. O corpo estava envolto em um cobertor, com duas cintas de barbante prendendo o tecido, em uma cova no quintal da casa que pertencia ao irmão da vítima. A família reconheceu objetos e vestimentas como sendo de Lindomara, mas tecnicamente a confirmação virá a partir de exames feitos pelo Instituto Técnico e Científico de Polícia (Itep-RN). Ela seria a segunda vítima do caseiro, de acordo com o delegado à frente das investigações.

A intrincada história de Alexandre Andrade vem sendo reconstruída em páginas de um inquérito policial desde que o delegado Raimundo Rolim, titular da delegacia de São Gonçalo do Amarante, passou a investigar a morte de uma menina de 11 anos de idade na região da praia de Jenipabu. Ela foi encontrada morta, enterrada em cova rasa no matagal próximo à granja onde o suspeito trabalhava, em Extremoz. A forma como foi ocultado o corpo da menina era semelhante àquela constatada ontem na comunidade Cavaco Chinês, bairro Lagoa Azul. 


 Até o dia 16 deste mês, o caseiro era uma pessoa acima de qualquer suspeita, principalmente para a família da ex-mulher, com quem conviveu por quase dez anos. Mas foi a partir dessa data, quando foi preso sob suspeita de matar a pequena Maria Eduarda Lima da Silva, que a polícia vem descobrindo o que seria a face cruel da personalidade de Alexandre, que permanece detido porque havia contra ele mandados de prisão em aberto pelo suposto estupro a duas irmãs gêmeas, de apenas 15 anos, em 2006.

Hudson HelderOssada estava envolvida em pano quando foi encontrada pelos policiaisOssada estava envolvida em pano quando foi encontrada pelos policiais

Para o delegado Raimundo Rolim, à medida que avançam, as as evidências indicam que Carlos Alexandre Andrade é um matador em série. “Além da morte da Maria Eduarda Lima da Silva, e da Lindomara, cujo corpo encontramos hoje (ontem), tudo indica que ele pode ter assassinado uma outra mulher no ano de 2010, cujo corpo foi encontrado em uma duna próximo à residência de Lindomara. Ele é um psicopata”.

Carlos Alexandre Andrade é, por enquanto, o ponto de convergência das investigações desses crimes de homicídios e violência sexual praticados contra mulheres, e sempre com características semelhantes, numa região onde o suspeito vive há cerca de 15 anos. O terceiro caso de homicídio que tem o caseiro como suspeito, de acordo com o delegado, é o assassinato de uma mulher aparentando entre 35 e 40 anos de idade, cujo corpo foi encontrado despido no alto de uma duna na comunidade Cavaco Chinês.


CedidaRoupas encontradas na quarta-feira foram reconhecidas pela mãe da vítima como sendo da filhaRoupas encontradas na quarta-feira foram reconhecidas pela mãe da vítima como sendo da filha

Os corpos das duas mulheres foram localizados em terrenos a menos de 500 metros de onde localizavam-se os três imóveis onde residiu Carlos Alexandre. Diante do rumo que tomou a investigação, o delegado pretende ouvir novamente o suspeito, que até ontem só havia falado sobre a morte de Maria Eduarda Lima da Silva. “Ele é frio e negou a autoria da menina”, disse Rolim.

Perguntas sem respostas
>> Onde estão os parentes de Carlos Alexandre?
>> Quem era, e onde foi registrada a morte de Maria Gorete, localizada em 2010?
>> Onde está uma outra mulher, que se separou do marido para viver com o caseiro?
>> Onde está o homem com quem Alexandre manteve relação homo-afetiva durante alguns anos?

A investigação
1 Dia 12 de julho deste ano, Maria Eduarda, 11 anos, desaparece após ter saído com destino à casa da ex-cunhada, em Extremoz. No caminho ficava a granja onde morava Carlos Alexandre.

2Dia 16 de julho — o corpo da menina é encontrado enterrado em cova rasa a poucos metros da granja onde morava o caseiro. O corpo estava envolto em um pedaço de tecido, com sinais de espancamento e esganadura.

3 Carlos Alexandre é preso na casa da ex-mulher — mãe de Lindomara Soares, desaparecida havia sete anos. O casal é conduzido à delegacia e a mulher liberada após prestar esclarecimentos.

4 As histórias das famílias de Maria Eduarda e Lindomara se cruzam, tendo como personagem em comum o caseiro. Lindomarcos Soares da Silva, irmão de Lindomara, vai à delegacia em defesa da mãe e ex-companheira de Alexandre. Diz ao delegado que ela é inocente, mas levanta suspeita sobre o caseiro quanto ao desaparecimento da irmã desde o ano de 2008.

5 Raimundo Rolim resolve investigar as circunstâncias do suposto sumiço da dona de casa e, desde a última terça-feira (28), passou a procurar pistas nos imóveis da vítima. Na quarta-feira, localizou diversas peças de roupa reconhecidas pela família como sendo de Lindomara.

6 Investigadores ampliaram a escavação e, na manhã de ontem, chegaram à ossada humana que o delegado está convicto tratar-se do corpo de Lindomara.

7 Investigadores querem localizar registros oficiais da localização do corpo de Maria Gorete, em 2010, mas esbarram na falta de informações no Itep e na 6ª DP, do bairro de Pajuçara.

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