Presos
foram transferidos à noite; um comboio de carros da PM e PRF fizeram a
escolta dos detentos (Foto: Kleber Teixeira/ Inter TV Cabugi)
Na primeira leva, 71 detentos saíram da Penitenciária Estadual Desembargador Francisco Pereira da Nóbrega, o Pereirão, que fica em Caicó, na região Seridó, para o Presídio Rogério Coutinho Madruga, em Nísia Floresta, na Grande Natal. De lá, 92 detentos fizeram o caminho inverso, ou seja, foram levados do Rogério Coutinho Madruga para o Pereirão.
Os remanejamentos foram decididos depois que seis presos foram mortos em confrontos envolvendo as duas facções. Na noite da segunda-feira (24), na tentativa de vingar a morte de um deles, membros de um dos grupos depredaram quatro pavilhões do Pereirão. Cerca de 200 presos queriam matar 60 rivais, que se isolaram em uma das alas e conseguiram escapar. Os detentos quebraram cadeados, arrancaram grades das celas, arrombaram paredes e incendiaram colchões e lençóis. Só o pavilhão feminino não foi depredado. Não houve mortes, mas 15 presos foram levados para atendimentos de primeiros socorros no Hospital Regional do Seridó.
A Penitenciária Estadual do Seridó foi uma das 14 unidades depredadas durante uma onda de rebeliões que afetou o sistema carcerário potiguar durante o mês de março deste ano. O Pereirão, inclusive, foi um dos mais danificados. Depois dos motins, o governo do estado decretou situação de calamidade no sistema penitenciário e a Força Nacional foi enviada para reforçar a segurança nos presídios..
Mortes
A primeira briga aconteceu no dia 16 de agosto, quando quatro detentos foram mortos na Cadeia Pública de Caraúbas, na região Oeste do estado. Foram assassinados a facadas Antônio Edigleidson de Souza, o Ceará, de 27 anos; Genilson Bezerra de Oliveira, mais conhecido como Assuzinho ou Quinho, de 36 anos; Gledstone Clementino Araújo, chamado de Jacaré, de 36 anos; e João Paulo Silva Dias, o JP, de 38 anos.
Dois dias depois, um preso foi morto no Presídio Rogério Coutinho Madruga. A vítima foi identificada como Emerson Santos da Luz, de 28 anos, mais conhecido como 'Índio'.
detentos
quebraram cadeados, arrancaram grades das celas, arrombaram paredes e
incendiaram colchões e lençóis no Pereirão (Foto: Divulgação/Polícia
Militar)
Além destes seis presos mortos em confrontos, a polícia inda investiga a possibilidade de outros dois detentos terem sido assassinados em razão dos conflitos. Ainda na segunda-feira, na madrugada, um preso identificado como Cassiano Henrique Galvão, de 21 anos, foi encontrado enforcado dentro do Presídio Provisório Raimundo Nonato, na Zona Norte de Natal. Na terça (25), o presidiário Denison Barbosa de Oliveira, de 27 anos, foi encontrado morto em uma das nove celas do primeiro andar do Centro de Detenção Provisória do Potengi, também na Zona Norte da capital potiguar. E ele foi encontrado enforcado com um lençol.
Retaliações
Em entrevista ao RN TV 1ª Edição desta terça-feira (25), o secretário Edilson França afirmou que o governo já esperava por retaliações dentro dos presídios após a morte dos quatro detentos na Cadeia Pública de Caraúbas. "Nós temos grupos antagônicos evidentemente lutando entre si e desde as primeiras mortes em Caraúbas nós sabíamos que haveria retaliações dentro dos presídios", afirmou.
Facções
Durante 10 meses do ano passado, o Ministério Público do Rio Grande do Norte realizou uma investigação que revelou a existência de duas organizações criminosas responsáveis por ‘ditarem as diretrizes e princípios’ no sistema penitenciário do estado. Estas diretrizes e princípios, segundo o MP, são seguidas pelos integrantes das organizações que articulam crimes dentro e fora dos presídios.
Operação Alcatraz resultou na transferência de
vários presos (Foto: Felipe Gibson/G1)
vários presos (Foto: Felipe Gibson/G1)
Alcatraz
No dia 2 de dezembro foi realizada uma operação denominada 'Alcatraz' - uma alusão ao nome da penitenciária americana instalada na ilha de Alcatraz, que no início do século XX recebia os chamados chefões do crime organizado. Em vários presídios do RN, e fora deles também, foram cumpridos 223 mandados de prisão e 97 mandados de busca e apreensão. A operação envolveu o Ministério Público, Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal.
Dos 223 mandados de prisão, 154 foram para investigados já presos, integrantes das duas organizações criminosas. Além do Rio Grande do Norte, as ordens judiciais foram cumpridas também em São Paulo, Paraná e Paraíba. No RN, os mandados foram cumpridos em Natal, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, Currais Novos, Caicó, Assu, Parelhas, Lajes, Jucurutu, Jardim do Seridó, Jardim de Piranhas, São Vicente, Acari, Cruzeta e Santa Cruz.
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