Cinco jovens são fuzilados dentro de carro na Zona Norte do Rio
NA CIDADE MARAVILHOSA
Cinco jovens morreram na noite de sábado após serem baleados no carro
em que estavam, na comunidade da Lagartixa, que fica no Complexo da
Pedreira, em Costa Barros, na Zona Norte do Rio. De acordo com parentes,
as vítimas tinham voltado de um passeio no Parque Madureira e
resolveram sair novamente para fazer um lanche, quando foram
surpreendidas pelas dezenas de tiros disparados por policiais militares
do 41º BPM (Irajá) na Estrada João Paulo. O caso foi registrado na 39ª
DP (Pavuna).
Wilton
Esteves Domingos Júnior, de 20 anos, dirigia o Palio que foi fuzilado.
Também estavam no carro o irmão dele Wesley Castro Rodrigues, de 25
anos, e os amigos Cleiton Corrêa de Souza, de 18 anos, Carlos Eduardo da
Silva de Souza, de 16 anos, e Roberto de Souza Penha, de 16 anos.
Após
o crime, quatro policiais do 41º BPM foram presos em flagrante por
homicídio e fraude processual. Segundo a 39ª DP (Pavuna), os policiais
militares Thiago Resende Viana Barbosa, Marcio Darcy Alves dos Santos e
Antonio Carlos Gonçalves Filho foram presos em flagrante por homicídio
doloso e fraude processual, e o policial Fabio Pizza Oliveira da Silva
por fraude processual.
Eles serão levados ainda neste domingo
para o Batalhão Especial Prisional (Bep), antiga Penitenciária Vieira
Ferreira Neto, em Niterói, na Região Metropolitana. A ocorrência chegou à
delegacia como auto de resistência, mas a Polícia Civil entendeu que
foi fraude processual, quando a cena do crime é alterada. De acordo com a
39ª DP, foi realizada a perícia no local e os corpos das vítimas foram
encaminhados para exame de necropsia no IML. As armas dos policiais
militares foram apreendidas e os veículos estão sendo periciados.
Testemunhas estão sendo ouvidas. A Polícia Civil informou que dois dos
cinco jovens têm passagem pela polícia. Wesley tinha uma anotação
criminal por tráfico e Cleiton, por furto.
Segundo a Polícia Militar, o comando do 41º BPM (Irajá) abriu um
Inquérito Policial Militar (IPM) para esclarecer as circunstâncias da
ocorrência em Costa Barros, envolvendo policiais do batalhão. Segundo a
PM, os policiais responderão perante à Justiça comum e perante à Justiça
Militar.
As famílias estão revoltadas com o crime. Érica Esteves Domingos, de
35 anos, tia de Wilton, diz que os policiais impediram o socorro das
vítimas:
— Eles foram comemorar o primeiro salário que um deles
tinha recebido e tinham programado de ir à praia neste domingo. Quando
soubemos dos tiros, corremos ao local e encontramos Wilton ainda
agonizando, mas os policiais não deixaram a gente socorrer, porque não
poderia alterar a cena do crime — conta
De
acordo com a família, eles foram comemorar a promoção de Roberto, que
era auxiliar de serviços gerais e tinha sido promovido a frentista
recentemente. O rapaz tinha recebido o primeiro salário do novo cargo no
sábado.
As testemunhas que chegaram logo após o crime dizem que os policiais tentaram forjar um auto de resistência:
—
Disseram que não poderia alterar a cena do crime, mas pegaram a chave
do carro, abriram a mala do carro e colocaram lá dentro uma pistola de
mentira. Eles tentaram forjar que os jovens eram bandidos, mas eles não
eram. Eu conhecia todos eles muito bem — disse um morador da comunidade.
Depois
de voltarem no Parque Madureira, os jovens foram para a casa de Wilton e
Wesley, na Estrada João Paulo, e decidiram fazer um lanche.
O
taxista Carlos Henrique do Carmo Sousa, de 34 anos, pai do Carlos
Eduardo, contou que a irmã de 5 anos de idade do jovem estava junto e
pediu para ir também.
— A sorte foi que o Carlos Eduardo disse
para ela ficar e prometeu trazer um lanche para ela. Senão, eu ia perder
meus dois filhos.
Segundo
a família, outros dois irmãos de Wilton e Wesley estavam em uma moto e
seguiriam o grupo. Quando os policiais começaram a atirar, eles se
jogaram no chão e ficaram levementes feridos por causa da queda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário