A empresa de marketing multinível BBom, do grupo Embrasystem,
disponibilizou um Plano de Recuperação do dinheiro investido que pode
ser aderido por qualquer pessoa que já tenha participado de seus
negócios. No entanto, os investidores precisam aderir à nova modalidade
de atuação da empresa para, aos poucos, receber o dinheiro gasto no
passado.
A justificativa da Bbom é de que o grupo
Embrasystem está com os valores bloqueados na Justiça desde 2013 (sub
judice), e criou a Bbom+, de venda de microfranquias, propondo o Plano
de Recuperação.
O projeto Bbom+ contempla uma
versão considerada, pelos criadores, inovadora do sistema de vendas
diretas no Brasil. Nele, além de produtos da própria empresa, existem
também artigos de várias companhias do Brasil que são parceiras do
projeto - este autorizado pelo Judiciário nas modalidades praticada.
Segundo
a assessoria de comunicação do grupo, a ideia é que os antigos
parceiros da marca participem do plano de recuperação e adesão à nova
modalidade de trabalho, para que possam trabalhar, vender e receber o
montante investido anteriormente de acordo com seu novo desempenho.
A
Bbom dizia vender rastreadores de automóveis, afirmando que este era o
principal produto comercializado pela empresa. Entretanto a maneira que
os investidores obtinham mais dinheiro era convidando novas pessoas a se
tornarem revendedores, obtendo porcentagens em cima das vendas de seus
convidados.
No ano de 2013, as empresas de
marketing multinível, como é chamado esse tipo de negócio, se espalharam
pelo Brasil, ganhando grande força também no Rio Grande do Norte. Bbom,
NNEX, Priples, TelexFree e outras empresas se tornaram comuns entre os
potiguares, mas poucos meses depois da expansão foram alvo de ações dos
próprios participantes e de investigações que apontavam o negócio como
sendo pirâmides financeiras.
De acordo com Sérgio
Vilarinho, presidente do Conselho de Administração da Bbom+, o tal Plano
de Recuperação proposto pela empresa teve início no mês de janeiro
passado. Vilarinho afirma que algumas pessoas estão com documentação em
análise para participar do plano. “Vale lembrar que para participar
deste Plano de Recuperação é preciso análise minuciosa de documentos
pessoais”, reforça.
A empresa garante trabalha com
o sistema de micro franquias e seus associados são bonificados através
do sistema unilevel de venda direta. Segundo a Bbom+, a prática está
totalmente em consonância com as normas da ABVD e da ABF.
De
acordo com o presidente da Embrasystem, João Francisco de Paulo, os
maiores prejudicados com o bloqueio do dinheiro da empresa pela Justiça,
por falta de acordo do Ministério Público Federal, desde 2013, são
pessoas que começaram a ingressar no mercado de trabalho como micro
empreendedores.
Sérgio Vilarinho explica que
através de seu Plano de Recuperação, a empresa prevê a devolução do
numerário investido em 2013 de todos que assim o desejarem. “Não é uma
obrigação, mas sim uma opção, aceita por mais de 100 mil famílias”,
alega.
O Plano de Recuperação funciona da seguinte
forma: a maior parte do faturamento da empresa, através das vendas
diretas de produtos próprios e de empresas parceiras, inclusive das
micro franquias, é destinada ao fundo de recuperação dos investidores.
Sobre o negócio, Sérgio Vilarinho enfatiza que se trata da comercialização de um produto, e não de um “cadastro”.
“Não
se trata de um simples cadastro, mas sim da comercialização de um
produto que agrega valor à vida das pessoas. Através da microfranquia
adquirida, o cidadão passa a ser dono de seu próprio negócio, tendo
enorme vantagem na revenda de nossa enorme gama de produtos e serviços”,
corroborou.
De acordo com a assessoria de
comunicação do grupo, cerca de 20% do universo de 700 mil micro
franqueados da Bbom estão recebendo pelo plano de recuperação da
empresa.
Mesmo com estes valores ainda bloqueados pela
Justiça, a empresa afirma estar se esforçando para ressarcir seus micro
franqueados “interessados em continuar suas atividades”.
A
Bbom+ afirma estar pagando os valores devidos e disponibilizando a
“oportunidade” de mais uma vez gerar novas rendas a partir do Plano de
Negócios da empresa e dos produtos que ela comercializa.
“O
grupo Embrasystem renova e fortalece o seu compromisso em promover
ações empresariais bem fundamentadas para oportunizar o crescimento de
seus associados e para ressarcir quaisquer prejuízos que os mesmos
tenham sofrido com as ações arbitrárias que buscam dificultar o
andamento das atividades da empresa”, declarou a empresa em nota
encaminhada à imprensa.
Nova atuação
A
Bbom+, novo nome dado à marca, começou a atuar desde o ano passado em
mercados de alimentos, bebidas, cosméticos, serviços, vestuário, entre
outros, afirmando possibilitar aos microfranqueados um leque maior de
produtos.
No momento a empresa, com capital
próprio, está abrindo frente em países como Portugal, onde inaugurou
sede este mês, Espanha, Rússia, Japão, Austrália, Peru, China e Estados
Unidos, que terá sede em Boston.
Simultaneamente, o
grupo Embrasystem está abrindo franquias para a venda de produtos por
meio de lojas, em cidades com mais de 100 mil habitantes, e onde o micro
franqueado pode retirar produtos.
O plano de negócio
contempla também a rede de consultoras para a venda de produtos via
catálogo, e a inauguração de centros de distribuição pelas principais
capitais.
O primeiro desses centros a ser
inaugurado, em março, será o de Cuiabá. De acordo com a assessoria de
comunicação do grupo, a finalidade dos centros de distribuição é
acompanhar o desenvolvimento de cada franquia, auxiliar na expansão do
negócio e dar treinamento aos franqueados.
MPT denunciou Bbom por "pirâmede financeira"
O
Ministério Público Federal denunciou cinco pessoas em setembro de 2014
por criação de “pirâmide financeira” envolvendo o BBOM. Segundo o MPF, o
número de consumidores lesados chega a um milhão e faturamento do
“negócio” somou R$ 2 bilhões.
Para o Ministério
Público, os cinco empresários se associaram de forma criminosa para
montar um esquema de “pirâmide financeira” sob o disfarce do que chama
de microfranquiados, além da negociação de contratos de investimento
coletivo sem o devido registro.
Os denunciados vão
responder pela prática de crimes contra o mercado de capitais, o
sistema financeiro e a economia popular e ainda por lavagem de dinheiro.
Isso porque os empresários teriam se articulado para ocultar o
patrimônio adquirido e para movimentar, em contas de terceiros, os
recursos obtidos dos consumidores que se associaram ao chamado Sistema
BBom. Foram denunciados João Francisco de Paulo, Paulo Ricardo Figueiró,
Ednaldo Alves Bispo, Sérgio Luís Yamagi Tanaka e Fabiano Marculino
Montarroyos.
A atratividade do esquema para os
consumidores estaria no pagamento de diversos tipos de bonificações. Um
deles garantiria uma rentabilidade fixa de aproximadamente 25% ao mês
aos investidores que, segundo o Ministério Público, nada precisavam
fazer além de entregar um valor estabelecido de vendas. “As demais
bonificações seriam pagas para aqueles investidores que trouxessem novos
investidores para o sistema, o que lhe daria características de
pirâmide, pois quem entra depois no esquema não consegue recuperar seu
investimento”, afirmou o MP.
Para os procuradores,
a comercialização de rastreadores veiculares seria apenas um pretexto
para disfarçar a pirâmide financeira. Segundo disse o procurador da
República Andrey Borges de Mendonça, autor da denúncia, os cinco
denunciados trabalhavam com a emissão de contratos de investimento
coletivo e criaram uma gigantesca pirâmide financeira.
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