sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Debate do Rio tem guerra entre candidatos e baixaria na plateia. Impeachment, ex-mulher de Pedro Paulo e gastos com a Olimpíada foram os principais temas debatidos. Flavio Bolsonaro passou mal e deixou o programa

ELEIÇÕES 2016- DEBATE NO RIO DE JANEIRO
O primeiro debate entre os candidatos do Rio, transmitido na noite de quinta-feira pela Rede Bandeirantes, deu o tom do que será a campanha carioca: poucas propostas e baixaria à vontade entre os sete concorrentes. Os ataques não se restringiram apenas às perguntas, réplicas e tréplicas que couberam a cada um. Momentos antes do segundo intervalo, o nome do PSC à prefeitura, Flávio Bolsonaro, filho do deputado federal Jair Bolsonaro, passou mal e foi amparado pelos outros candidatos. Com as câmeras desligadas, Jandira Feghali, do PC do B, que é médica, se aproximou, mas Jair não permitiu que ela ajudasse. “Essa médica de araque não”, disse. Ela saiu irritada, exclamando as palavras “fascista” e “estuprador”. Parte da audiência que acompanhava o debate a chamou de “bruxa” e até de “idiota”, enquanto ela dizia que “quem protege torturador não me representa”.

Jandira, que é apoiada pelo PT, e defende Lula e Dilma Rousseff no Rio, acusou o candidato de Eduardo Paes, o peemedebista Pedro Paulo Carvalho, de trair a presidente afastada ao votar contra ela no processo de impeachment e de agredir a ex-mulher — ela chegou a dar queixa na polícia e fazer exame de corpo de delito, mas depois mudou a versão sobre o caso. “Não confio quem trai na política e quem bate em mulher. Como quer ser prefeito de uma cidade onde 53% dos moradores são mulheres?”, perguntou. A claque aplaudiu e vaiou em diversos momentos, obrigando o apresentador a pedir silêncio seguidas vezes. Pedro Paulo chegou a se confundir na resposta e disse que o caso foi julgado pela procuradoria. Na verdade, a procuradoria pediu o arquivamento. “Muito triste você fazer esse tipo de acusação. Tenho uma filha de 11 anos. Minha família nunca duvidou da minha honestidade”, rebateu, ouvindo as risadas da plateia.

A claque também não se conteve quando a discussão se nacionalizou. De um lado, o ex-integrante do PMDB e recém incorporado ao ninho tucano, Carlos Roberto Osório, no ataque direto ao PT. De outro, Jandira, chamando de golpe o possível impeachment de Dilma. Na primeira fala no debate, ela aproveitou para sair em defesa da presidente afastada. “Os partidos de todos vocês votaram pelo golpe institucional. Aqui é o golpe da traição”, disse, recebendo vaias. Osório chamou de “estelionato eleitoral” a campanha de Dilma em 2014, conduzida pelo marqueteiro João Santana.

No ataque de todos contra todos, quem recebeu mais críticas foi Pedro Paulo. No primeiro bloco, ele foi acusado de mentir sobre as finanças do município ao dizer que o caixa está equilibrado. “Tenho certeza de que vou assumir a prefeitura quebrada”, disse Índio da Costa, do PSD. “Só o Pedro Paulo que não fala isso. Em 2014, o Luiz Fernando Pezão disse que estava tudo bem depois da Copa do Mundo. Foi eleito e o estado declarou calamidade pública”, afirmou Alessandro Molon, da Rede. “O prefeito assumiu as obras e quebrou o Rio”, contestou Marcelo Crivella, do PRB. “Pedro Paulo não tem coragem de dizer a verdade sobre as finanças. O Rio não é esse oásis  que a prefeitura quer que acreditemos”, disse Osório. Pedro Paulo rebateu dizendo que há investimento em todas as áreas da cidade e que a previdência está sem problema de caixa.

Índio e Crivella também rivalizaram depois que o pessedista criticou o projeto Cimento Social, para terminar obras de casas em lugares pobres da cidade, e chamou o candidato de “bispo”. Crivella é bispo da igreja Universal e sobrinho de Edir Macedo, o que, historicamente, implica em altos índices de rejeição, ainda que seja o primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto. “Índio não considera o meu projeto de ajudar a melhorar as casas de pessoas sem condições financeiras porque ele mora na Avenida Vieira Souto (em frente à praia de Ipanema)”, disse, aplaudido pela audiência, antes de acrescentar: “Quando você estava na administração pública, tinha a música Índio quer comida, se não der pau vai comer”. Índio chamou atenção também pela blusa preta, em vez do tradicional blazer, porque “é confortável”, segundo o próprio. Esse foi só mais um dos protocolos abandonados no debate.

 Por Cecília Ritto Leslie Leitão Thiago Prado/Veja

Nenhum comentário:

Postar um comentário