quarta-feira, 28 de junho de 2017

Apreciação de reformas em meio à crise “é um milagre”, opina José Dias. Deputado estadual avalia governo Temer e diz que, não obstante as denúncias contra o presidente, liderança de programa de reformas representa uma “surpresa positiva”

LADO POSITIVO
 
 José Dias, deputado estadual

Alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de Justiça, o presidente Michel Temer (PMDB) está prestes a ser formalmente denunciado pela Procuradoria Geral da República. Mesmo assim, o deputado estadual José Dias (PSDB) prefere enaltecer “outro aspecto” da gestão federal: a condução da agenda de reformas. Segundo ele, não obstante as acusações contra Temer, o governo lidera um programa de reformas que é “uma absoluta surpresa positiva”.

Para Dias, a rejeição de parcela significativa da população ao prosseguimento da agenda reformista se deve à “incompreensão dos beneficiários” das mudanças, notadamente na legislação trabalhista e na Previdência Social. “Na conflagração em que nós vivemos, para mim, isso é um milagre [executar as reformas]. O aspecto das reformas é extremamente positivo e eu espero que o brasileiro compreenda e apoie”, frisa o parlamentar.

O tucano celebra ainda outras ações empenhadas pelo governo federal na área das reformas nestes pouco mais de 13 meses de gestão Temer. Uma delas diz respeito ao novo marco regulatório do Pré-sal, por meio do qual a Petrobras fica desobrigada de participar de todos os blocos de exploração. Para José Dias, era uma “obrigatoriedade imbecil”. Além disso, o deputado comemora a Lei das Estatais, que estabelece critérios técnicos para nomeação de cargos executivos em empresas públicas. “Isso é algo extremamente fundamental, pois terá grande influência para evitarmos outro episódio como esse da Petrobras”, afirma.

Ainda no rol das reformas, o deputado estadual lembra a edição da Lei da Terceirização, em abril, – que, segundo Dias, “permite que a economia funcione e as pessoas tenham a possibilidade de trabalhar”. Ele também comenta as reformas trabalhista e previdenciária, as duas que estão foco do debate político atualmente.

No caso da mudança nas leis trabalhistas, José Dias opina que a reforma “não levará o país a ser o mais moderno, mas vai nos tirar do rabo da fila da irracionalidade”. E na alteração da Previdência, o tucano considera a reforma “fundamental” e um mecanismo que vai garantir o “futuro”.

No que diz respeito às denúncias contra o presidente, José Dias afirmou que qualquer julgamento sobre a conduta do peemedebista não só é “difícil” como também “perigosa”. “Existe uma agenda policial que eu não tenho a menor condição de acusar ou defender. Tive uma convivência longa dentro do PMDB porque minha vida político-eleitoral começou lá. Nunca formei a ideia de que o presidente Temer era um chefe de quadrilha. Mas não sou defensor de uma ideia que não conheço”, assinala.

Porém, o deputado avalia que, ao receber o empresário Joesley Batista em sua residência oficial e conversar sobre crimes, o presidente da República “cometeu um ato absolutamente leviano”. “Ele recebeu um marginal, um bandido, de forma não republicana no Palácio do Jaburu”, comentou Dias.

GOVERNO ROBINSON
Na interpretação do deputado estadual José Dias, o Rio Grande do Norte enfrenta dificuldades ainda maiores que a constatada no plano federal. “Atravessamos uma dificuldade ainda mais agônica que a federal porque somos um estado pequeno”, conta. Por causa disso, o parlamentar afirma ser difícil avaliar a gestão Robinson Faria. Por outro lado, considera que o governador tem se esforçado.

“Há, indiscutivelmente, um esforço do governo para fazer alguma coisa, mas nós atravessamos um problema sério. Nós estamos num quadro horrível e dificílimo. Os problemas são na saúde, na educação e na segurança”, resume.

De acordo com o deputado, a situação só será resolvida com mais recursos. “Mas, para isso, é preciso adotar medidas impopulares, e eu não sei se o governo fará isso. Mas só se resolve com recursos. Se não tivermos essas medidas, não sairemos das dificuldades. Disso não tenho a menor dúvida”, registra.

Sobre a possibilidade de Robinson se candidatar à reeleição em 2018, José Dias destaca que essa decisão cabe exclusivamente ao governador. “Quem sabe é ele. Ninguém pode fazer esta avaliação, sobretudo neste momento. Até porque, atualmente, ser candidato não é uma honra, é uma temeridade. Vamos esperar que ele decida”, opina.

Ele adota a mesma postura quando perguntado sobre o futuro do prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), tido como o principal nome da oposição para uma eventual candidatura ao Governo no ano que vem. “Ele não está vivendo como em momentos passados, que as coisas eram mais fáceis. [Sobre 2018], eu não acho nada”, finaliza.

(Tiago Rebolo/AgoraRN)

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