OPERAÇÃO MANUS
Fred Queiroz, ex-secretário de Obras Públicas de Natal
A Justiça Federal do Rio Grande do Norte libertou na última
sexta-feira, 23, o empresário Fred Queiroz, suspeito de integrar uma
organização criminosa que teria praticado lavagem de dinheiro comprando
apoios políticos na eleição para o Governo do Estado, em 2014, para o
então candidato Henrique Eduardo Alves (PMDB).
A verba utilizada
para tal fim, segundo apontam investigações do Ministério Público
Federal, teve origem em propina paga por empreiteiras, notadamente a
OAS, favorecidas pela influência do ex-deputado e ex-ministro dos
governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB).
O relaxamento
da prisão de Fred, que foi secretário de Obras do município de Natal
durante a gestão de Carlos Eduardo Alves (PDT), foi assinado pelo juiz
Francisco Eduardo Guimarães, titular da 14ª Vara Federal, o mesmo que
expediu o mandato de prisão preventiva no dia 6 de junho, durante a
Operação Manus. Na oportunidade, Henrique Alves também foi preso por ter
supostamente praticado corrupção passiva e lavagem de dinheiro, além de
organização criminosa. Agora solto, Fred vai precisar cumprir uma série
de determinações. Caso contrário, ele volta para a ser preso.
Entre
as medidas estão a proibição de entrar no diretório do PMDB, de manter
contato com outros investigados e com filiados do partido que possuam
mandatos eletivos e a obrigação de se apresentar mensalmente na 14ª Vara
para prestar informações de suas atividades.
Segundo informações
apuradas pelo Portal Agora RN/Agora Jornal, a soltura de Fred Queiroz
integra uma das benesses proporcionadas pela negociação de um acordo de
colaboração premiada com o Ministério Público Federal. O depoimento,
inclusive, já teria sido prestado.
Na delação, além de confirmar
as denúncias contra Henrique, Fred Queiroz pode ter entregado outras
possíveis engrenagens da Prátika Locações, empresa de sua propriedade
que monta tendas para a Prefeitura de Natal desde a primeira gestão da
ex-governadora Wilma de Faria. A mesma empresa teria sido utilizada no
esquema de lavagem de dinheiro obtido por propina da OAS em 2014 durante
a campanha para o Governo do Estado.
Ainda de acordo com
informações de bastidores, promotores do Ministério Público Estadual
participam da negociação, o que denota que o conteúdo do depoimento
envolve diversas figuras políticas. O esquema de corrupção no Idema, já
desvelado pela operação Candeeiro e que envolve o deputado estadual
Ricardo Motta (PSB), também teria sido mencionado pelo empresário.
Apesar disso, o ex-ministro Henrique Alves teria sido o maior atingido
pela colaboração, o que pode complicar ainda mais a sua situação.
A
Prátika Locações presta, há muitos anos, serviços a vários órgãos do
Rio Grande do Norte, a exemplo da Prefeitura de Natal. Somente na gestão
passada de Carlos Eduardo (2012-2016), a empresa contratou mais de R$
10 milhões com a gestão municipal. A empresa era responsável por quase
todas as montagens de tendas e palcos para a gestão do pedetista, até se
tornar secretário municipal.
A Prátika esteve ativa ainda durante
o governo de Rosalba Ciarlini (2011-2015). Na época, a empresa firmou
compromisso com duas partes: a Empresa Potiguar de Promoção Turística
(Emprotur) e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente
do Rio Grande do Norte (Idema).
Com a Emprotur, a Prátika tomou
parte em contrato que culminou em nove termos aditivos, sendo o último,
datado de 2 de abril de 2013, no valor diminuído de R$ 485 mil. Já no
caso do Idema, o Diário Oficial do Estado de 7 de outubro de 2011 mostra
traços da contratação. No documento, apresenta-se um termo de aditivo
que acrescenta 25% (vinte e cinco por cento) a um objeto contratado no
valor de R$ 325 mil – correspondente a 25% do valor inicialmente
contratado, referente à inclusão de mais oito municípios no evento
ambiental itinerante “Caravana Ecológica”.
(AgoraRN)
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