quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Condenado por crime de guerra se envenena durante julgamento. Slobodan Praljak foi sentenciado a 20 anos de prisão por crimes contra a humanidade durante a Guerra da Bósnia

GUERRA DA BÓSNIA
 Slobodan Praljak
 O ex-comandante das forças bósnio-croatas na Guerra da Bósnia, Slobodan Praljak, tomou veneno durante audiência no tribunal de crimes de guerra da ONU em Haia, na Holanda - 29/11/2017 (YCTV/Reuters)

O ex-líder bósnio-croata Slobodan Praljak se envenenou durante seu julgamento no Tribunal Penal Internacional para Antiga Iugoslávia (TPII) nesta quarta-feira e morreu. Segundos depois de ouvir a sentença que o condenava a vinte anos de prisão por crimes contra a humanidade durante a Guerra da Bósnia, o réu levou à boca um frasco.  “Acabei de tomar veneno”, pronunciou.

Imediatamente o juiz ordenou a interrupção da sessão da corte. Segundo repórteres de agências internacionais que estavam no tribunal, uma ambulância foi chamada ao local. Praljak, contudo, não resistiu. A morte do ex-líder bósnio foi confirmada oficialmente pelo primeiro-ministro croata, Andrej Plenkovic. 

Praljak já havia sido condenado em 2013 por ter perseguido, expulsado e assassinado muçulmanos durante a Guerra da Bósnia, uma das mais traumáticas do século XX. Ele foi considerado responsável pela destruição da Ponte Velha, em 1993, no centro histórico da cidade de Mostar, o que, segundo os juízes, provocou danos desproporcionais às populações muçulmanas.

O episódio aconteceu uma semana após o TPII condenar à prisão perpétua o general servo-bósnio Ratko Mladic pelo massacre de Srebrenica. O tribunal concluiu que Mladic teve papel essencial no assassinato de 8.000 homens e meninos muçulmanos em 1995. O massacre é considerado a maior matança em solo europeu desde a II Guerra Mundial. O réu precisou ser retirado da corte durante o julgamento, pois começou a gritar quando o juiz negou o pedido de seu advogado para adiar o veredicto.

A guerra civil foi uma disputa entre grupos étnicos e religiosos pelo território da Bósnia Herzegovina, que teve início em 1992 e terminou em 1995 com a assinatura do Acordo de Dayton. Cerca de 140.000 pessoas morreram no conflito e mais de 2 milhões se refugiaram. O TPII foi criado em 1993 pela ONU para julgar os responsáveis pelos crimes de guerra cometidos durante o conflito. O tribunal, que encerra as suas atividades neste ano, já indiciou 161 pessoas originárias de Bósnia, Croácia, Sérvia e Kosovo. Dessas, 83 foram condenadas, dos quais mais de sessenta eram sérvios.

(Veja.Abril.com.br)

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