ARTICULAÇÃO
A retomada das articulações
para aprovar a reforma da Previdência ainda este ano vai exigir do
governo o pagamento de uma "fatura extra" de pelo menos R$ 14,5 bilhões
em troca de votos. A conta pode crescer nas próximas semanas com medidas
que incluem compensações a Estados, ajuda a prefeitos e emendas
parlamentares.
O governo ainda está longe de reunir os 308 votos necessários para
aprovar o texto, mas não desistiu de colocar a proposta em votação ainda
este ano e já escalou seus principais líderes para conversas com
bancadas nos próximos dias. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), indicou que a votação deve ocorrer na primeira semana de
dezembro.
O governo já está lançando mão de novas benesses para melhorar o
clima com o Congresso e angariar o apoio de prefeitos e governadores no
corpo a corpo com deputados. Elas vão além das concessões feitas entre
abril e maio, que incluíram os diversos programas de parcelamentos de
débitos com direito a descontos em juros e multas - um para
contribuintes em geral, um para Estados e municípios e outro para o
setor rural.
Os prefeitos já conseguiram de Temer a promessa de R$
2 bilhões em recursos e o aval para a derrubada de um veto no Congresso
que, na prática, pode beneficiar os municípios em "pelo menos" R$ 10
bilhões, nas contas da Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
Segundo
o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, haverá um "encontro de contas"
entre prefeituras e União em torno da dívida previdenciária. Os
prefeitos devem mais de R$ 75 bilhões à União, mas alegam ter dinheiro a
receber do governo federal. Um comitê será criado para discutir os
números, mas o processo deve demorar e se estender ao longo do ano que
vem. A medida mais imediata será a liberação dos R$ 2 bilhões, que os
prefeitos esperam já para dezembro.
Os Estados querem também
fechar um acerto de contas das perdas com a Lei Kandir, que desonera
exportações do pagamento de ICMS. A equipe econômica já previu no
Orçamento de 2018 um desembolso de R$ 1,9 bilhão aos Estados por meio do
Fundo de Auxílio Financeiro para Fomento das Exportações (FEX). Mas os
Estados sempre pedem mais.
Proposta em discussão no Congresso
prevê um repasse de R$ 39 bilhões por ano daqui em diante e uma
negociação das perdas dos últimos dez anos. O acerto do passivo poderá
envolver abatimento da dívida dos Estados com a União, mas o valor ainda
será definido com a equipe econômica.
Outra medida que deve ajudar a
melhorar o clima com o Congresso Nacional é a recente liberação de R$
7,5 bilhões do Orçamento deste ano, que resultou em R$ 600 milhões a
mais em emendas parlamentares. Com esses acenos, a equipe econômica
evita envolver nas negociações medidas consideradas importantes para o
ajuste fiscal, como o adiamento do reajuste dos servidores públicos. As
informações são do jornal.
(O Estado de S. Paulo e Estadão Conteúdo)
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