MUNDO ISLÂMICO
Para “tirar o país de uma situação de crise”, o ministro de Justiça do Paquistão,
Zahid Hamid, entregou sua renúncia ao primeiro-ministro Shahid Khaqan
Abbasi nesta segunda-feira. Há mais de três semanas, o político era o
alvo de manifestações lideradas por fundamentalistas islâmicos que
pediam sua saída do governo, acusando-o de “blasfêmia”.
Os protestos, convocados pelo grupo Tehreek-i-Labaik, reunia
milhares de pessoas na principal via de acesso à capital Islamabad, e
se espalhou por outras grandes cidades do país como Karachi e Lahore. O
estopim dos protestos foi uma emenda – já desconsiderada – à legislação
eleitoral, na qual a alteração de alguns termos diminuía o tom religioso
do juramento de novos políticos. O ato, encabeçado por Hamid, foi visto
como ‘blasfêmia’, crime grave no Paquistão.
Sete pessoas morreram e cerca de 200 ficaram feridas durante
uma intervenção policial para liberar o tráfico em Islamabad neste
sábado. O exército, uma das instituições mais poderosas do país,
resolveu não interferir no caso, e aconselhou que Abbasi resolvesse o
impasse “pacificamente”. A inação foi vista como um alinhamento dos
militares com os islamistas, que, nesta segunda-feira, anunciaram um
acordo para pôr fim aos protestos.
O líder do grupo fundamentalista, Khadim Hussain Rizvi,
disse nesta segunda-feira que se recusava a discutir com o governo
“porque eles são nossos assassinos”. “O honorável chefe do Exército,
general Qamar Javed Bajwa, enviou seus emissários especiais, que
disseram que iriam garantir o cumprimento de nossas demandas”, adicionou
o chefe da sigla islamista sobre o fim das manifestações que travavam
Islamabad, informa a agência Reuters. Além da renúncia de Hamid, parte do acordo com o governo inclui a liberação de manifestantes presos no sábado.
A atual crise enfraquece ainda mais o governo de Abbasi, que
foi empossado como primeiro-ministro do país após seu antecessor, Nawaz
Sharif, ter anunciado sua renúncia em julho. Alvo de denúncias de
corrupção, Sharif ele foi declarado inapto para o cargo pela Suprema
Corte do país. O Paquistão deve promover novas eleições em agosto de
2018. O Labaik faz da defesa das leis de blasfêmia e aplicação severa da
sharia, a lei islâmica, sua principal bandeira política.
(Veja.Abril.com.br)
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