BRASIL, POLÍTICA
Felipe VI, rei da Espanha, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia
Essa história de implantar o parlamentarismo no Brasil não é nova.
Quando ainda éramos uma monarquia, tivemos um parlamentarismo à
brasileira. D. Pedro II atuava como chefe de Estado, com poder de
indicar o chefe de governo. Este, por sua vez, era o presidente do
Conselho de Ministros, e era sempre um membro do partido com maioria no
Parlamento.
Nosso parlamentarismo de então era diferente do
parlamentarismo vigente na Europa. Aqui, o imperador tinha o chamado
poder Moderador, que lhe dava o direito de dissolver a Câmara de
Deputados e convocar novas eleições.
A segunda experiência parlamentarista
que tivemos foi em 1960, após a renúncia do presidente Jânio Quadros e a
assunção do seu vice, Jango Goulart. Setores das Forças Armadas se
recusaram a dar pose a Jango, que foi obrigado a aceitar um
parlamentarismo que, praticamente, jamais atuou.
Agora chegou a
vez de Rodrigo Maia, presidente da Câmara, ressuscitar o fantasma. No
encontro com o Rei da Espanha, Felipe VI, Maia discutiu sobre o sistema
parlamentar que poderia ser implantado no Brasil. A própria embaixada da
Espanha divulgou o encontro e o assunto abordado.
Até aí tudo
bem. Todos podem discutir sobre os sistemas de governo. O problema é que
há um clima de tentativa de esvaziamento dos poderes do presidente no
nosso sistema presidencialista, visando, naturalmente adotar um
parlamentarismo branco, no qual o presidente se tornaria uma espécie de
rainha da Inglaterra.
Em tentativa anterior Bolsonaro chamou a
atenção sobre esse fato, quando o Parlamento aprovou projeto de lei
tirando seus poderes de indicar os integrantes das agências reguladoras.
Não se sabe ao certo até onde vai esse desatino, mas tudo indica que as
Forças Armadas não aceitarão qualquer mudança sem a aprovação do povo
brasileiro.
Esse pessoal brinca com fogo, justamente num momento
de grandes tensões entre os poderes. Em vez de atuarem harmonicamente,
insistem em criar confusão.
Apesar de não haver no momento nenhuma
indicação do pensamento militar sobre a situação, a alternativa de sua
interferência é um fato que não pode ser desprezado.
Tentar
esvaziar o executivo não é o caminho certo. Tem muitos generais no
governo. Todos em silêncio, esperando o desenrolar dos fatos.
Uma coisa é certa: nenhum deles permitirá que o presidente se torne rainha da Inglaterra. Nem o próprio.
(Por:Luiz Holanda/Jornal da Cidade Online)
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