MPF PEDE SAÍDA DE MINISTRO
Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles - Marcelo Camargo/abr
Brasília - O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, classificou como
"tentativa de interferir em políticas públicas" o pedido de afastamento
apresentado pelo Ministério Público Federal em ação de improbidade
administrativa. A Procuradoria acusa Salles de promover "desestruturação
dolosa" da proteção ambiental e pede à Justiça que o retire do cargo
imediatamente.
"A ação de um grupo de procuradores traz posições
com evidente viés político-ideológico em clara tentativa de interferir
em políticas públicas do Governo Federal", afirmou Salles, em nota. "As
alegações são um apanhado de diversos outros processos já apreciados e
negados pelo Poder Judiciário, uma vez que seus argumentos são
improcedentes."
De acordo com doze procuradores que assinam a
ação, Salles teriam atuado em série de atos, omissões e discursos que
caracterizariam conduta intencional "com o objetivo de fragilizar a
atuação estatal na proteção do meio ambiente". A ação foi movida na
esteira da declaração do ministro na reunião do dia 22 de abril, tornada
pública pelo Supremo Tribunal Federal.
Na ocasião, Salles disse
que o governo federal deveria aproveitar a "oportunidade" da pandemia do
novo coronavírus para "ir passando a boiada" em regulações ambientais.
Após a divulgação das imagens, o ministro disse que estava defendendo a
flexibilização de normas, dentro da legalidade.
"É possível
identificar, nas medidas adotadas, o alinhamento a um conjunto de atos
que atendem, sem qualquer justificativa, a uma lógica totalmente
contrária ao dever estatal de implementação dos direitos ambientais, o
que se faz bastante explícito, por exemplo, na exoneração de servidores
logo após uma fiscalização ambiental bem sucedida em um dos pontos
críticos do desmatamento na Amazônia Legal", afirma a Procuradoria.
O
MPF cita a exoneração de três coordenadores do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente (Ibama) um mês depois de ações de fiscalização nas terras
indígenas Ituna Itatá, Apyterewa , Trincheira-Bacajá e cachoeira seca,
na região de Altamira (PA). Cerca de 100 máquinas e equipamentos
utilizados por quadrilhas foram destruídas na ação - número superior ao
contabilizado em todo o ano de 2019. A Procuradoria vê que a exoneração
teria sido uma "evidente retaliação" do ministro.
A Procuradoria
também alega que, sob a gestão de Salles, o Brasil registrou "as maiores
altas do desmatamento e o menor número de multas por crimes ambientais
em 20 anos". Os procurados dizem que o ministro também reduziu em 25% o
orçamento da pasta e paralisou o Fundo Amazônia, que deixou de receber
investimentos estrangeiros.
Com a palavra, o ministro Ricardo Salles
"A
ação de um grupo de procuradores traz posições com evidente viés
político-ideológico em clara tentativa de interferir em políticas
públicas do Governo Federal. As alegações são um apanhado de diversos
outros processos já apreciados e negados pelo Poder Judiciário, uma vez
que seus argumentos são improcedentes."
(Por:Estadão Conteúdo)
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