QUE CALOR
Marcelo Lima
marcelolimanatal@yahoo.com.br
Quem não tem a impressão que a temperatura de Natal vem aumentando a cada ano? Ou quem não percebeu que aquela chuvinha do fim da madrugada e início da manhã têm ficado cada vez mais raras? Essa percepção que está na boca do povo a cada verão que chega. Mas não é só uma percepção popular. O meteorologista da Empresa de Pecuária e Agricultura do Rio Grande do Norte (Emparn), Gilmar Bristot, afirma que realmente a temperatura mínima da capital está aumentando todos os anos na cidade.
Diferente do que a maioria da população, a temperatura máxima tem se mantido estável. No entanto, são as temperaturas mínimas as responsáveis por essa sensação de calor mais constante. “Nos últimos dois ou três anos já estamos observando isso. As mínimas ficavam entre 22 a 23 graus e agora estamos chegando a ter mínimas de até 26 graus”, informou Bristot.
O maior responsável por esse crescimento das temperaturas mínimas é a falta de chuvas durante o fim da madrugada e início da manhã, fenômeno que se tornou mais raro nessa época do ano. A ausência delas decorre de outro aumento de temperatura que tem tudo a ver com a ação humana.
Para chover, é necessário que a massa de ar que vem do oceano encontre uma massa de ar com temperatura diferente no continente. No verão, as massas de ar originadas no oceano chegam mais quentes à cidade e encontram uma massa de ar mais fria durante à noite. O problema é que a cidade do Sol tem se mantido quente durante à noite também. Portanto, o encontro de duas massas de ar quentes não causa chuva.
“Se você não tem diferença térmica não se produz instabilidade”, explicou Gilmar Bristot. É justamente essa instabilidade que gera a chuva. Conforme o meteorologista, a retenção desse calor em Natal tem várias explicações. “Por conta do crescimento, a cidade está esquentando e esse calor não está se perdendo durante à noite”, resumiu.
Um dos motivos para isso é a verticalização da capital. Ao mesmo tempo em que propicia ilhas de calor ao impedir a livre circulação do vento, o concreto dos prédios absorve o calor durante o dia e o liberam muito lentamente.
Um fenômeno semelhante acontece com o asfalto. Aliás, outro ponto apontado pelo meteorologista da Emparn como o responsável pelo aquecimento da cidade é exatamente a impermeabilização do solo da cidade. A redução da vegetação e a ausência de política de arborização também são fatores decisivos para a pouca variação de temperatura entre o dia e a noite.
Verão
A previsão da Emparn para os meses de janeiro e fevereiro é uma média de chuvas de 200 milímetros, um patamar considerado dentro da normalidade. Para o primeiro mês do ano, a previsão é que chova de 50 a 100 milímetros no Rio Grande do Norte. Em fevereiro, a Emparn prevê de 100 a 150 milímetros. Porém, O meteorologista Gilmar Bristot alerta que esse volume não é uniformemente distribuído por todas as localidades do Estado.
As temperaturas máximas para este verão estão previstas em torno de 29 a 31 graus no litoral e até 35 graus no interior. Para os próximos três ou quatro dias, a Emparn prevê pancadas de chuvas, resultado de um sistema transiente (de pouco duração).
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