LAMENTÁVEL
Mais um ano está terminando e o Presépio de Natal, primeira obra do arquiteto Oscar Niemeyer erguida na capital potiguar e situado no bairro de Candelária, continua abandonado e destruído, servindo de abrigo para moradores de ruas e usuários de drogas durante a noite. De dia, o local é usado como pista de treino para auto-escolas, por sua área ampla. A estrutura, que custou R$ 1,7 milhão aos cofres públicos, está repleta de grafitagem e pichações nas paredes e lixo e mato seco.
Na área destinada aos banheiros públicos, é possível encontrar desde colchões e roupas, até o cachimbo usado para fumar crack. O intenso mau cheiro que toma conta dos cômodos impede que qualquer pessoa passe mais que um minuto lá dentro, mas ainda assim, é possível perceber que o local é usado para dormir.
A presença de fogões à lenha improvisados em vários pontos também indicam a presença constante de pessoas, assim como o espaço que fica logo à frente da escadaria, repleto de fezes e outros dejetos humanos. Há cerca de um mês, um corpo foi encontrado carbonizado em um dos banheiros, por alunos de uma auto-escola que usa o pátio do Presépio para aulas práticas de motocicleta.
A estrutura foi construída em 2006 e deveria abrigar um ponto de cultura e lazer aberto à população, com lojas, lanchonetes e outros estabelecimentos comerciais. Entretanto, oito anos depois, está completamente abandonado e depredado, com quase todos os espaços apresentando problemas como infiltrações, paredes rachadas, bancadas de granito quebradas e vasos sanitários soltos, sem tubulação. Até mesmo as portas e divisórias dos espaços que seriam usados para o comércio já foram danificadas e depredadas.
“Isso aqui deveria ser um local atrativo e de diversão para os moradores de Natal, foi construído para isso, mas a falta de interesse e de visão dos nossos políticos, não permite isso. Foi muito dinheiro nosso que foi investido aí, para nada, porque desde que foi inaugurado que não se faz o que se prometeu. E além do perigo que representa para quem passa por aqui, porque é cheio de usuários de drogas se escondendo aí à noite”, desabafou o autônomo José Wellington.
Ele disse que a obra, a primeira com a assinatura de Niemeyer, está tomada por mato e lixo em todo o seu entorno, o que contribui para que as pessoas tenham ainda mais medo de se aproximar do local ou passar por ele. “É uma pena mesmo, mas hoje em dia, as pessoas não podem mais confiar em nada, porque vivemos em permanente estado de insegurança”, falou.
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