O principal motivo de preocupação dos dirigentes mais
ligados ao Time Brasil até então era a internet. Essa situação ficou
mais evidente quando a nadadora Joanna Maranhão usou seus perfis em
redes sociais para criticar políticos que votaram a favor a redução da
maioridade penal no Brasil, de 18 para 16 anos. "Não faço questão
nenhuma de ter a torcida de vocês", escreveu Joanna, dirigindo-se a quem
apoia a causa. O caso repercutiu, e o COB "orientou" (usando a palavra
difundida pela entidade) os atletas a evitarem comentários polêmicos, o
que gerou mais polêmica ainda, pois a impressão foi de censura.
Preocupa
também a exposição excessiva de atletas nas redes sociais. Nos Jogos
Olímpicos de Londres-2012, a judoca Rafaela Silva ficou bastante abalada
depois de uma enxurrada de insultos racistas que recebeu pelo Twitter.
Na visão do COB e da CBJ (Confederação Brasileira de Judô), o episódio
custou uma medalha para o Brasil no evento. No Pan de Toronto, uma foto
de maiô colocou em evidência Ingrid Oliveira, de 19 anos, dos saltos
ornamentais. Ela mesmo admitiu, após errar uma tentativa de salto e sair
chorando da piscina, que leu e se entristeceu com os comentários
enviados a seu perfil no Instagram (rede de compartilhamento de fotos).
Em entrevista ao iG,
publicada no dia 8 de julho, Marcus Vinícius Freire, superintendente do
COB, expôs a preocupação da entidade com o uso de redes sociais e a
intenção de aplicar ferramentas para usar a internet a favor dos
atletas, e não como disseminador de polêmicas. Na sexta-feira, em
encontro com jornalistas para avaliar a participação do Brasil no Pan de
Toronto, o assunto foi rapidamente citado por ele, destacando a
participação de um conselho composto por técnicos e ex-atletas para
ajudar na elaboração desse código de conduta. "Temos algumas
preocupações com redes sociais e exposições de patrocinadores de
atletas", reforçou.Na manhã de sexta-feira, quando a acusação contra Thye foi divulgada
pela polícia de Toronto, o assunto gerou incômodo tanto em Carlos Arthur
Nuzman, presidente do COB, quanto em Freire a cada questionamento da
imprensa. Àquela altura, diziam ter poucas informações a respeito. Mais
tarde, a entidade se posicionou por meio de nota oficial. "O COB exige
de seus atletas um comportamento impecável, lembrando-lhes sempre que,
quando viajam ao exterior, representam o seu país", diz parte do texto.
Atingir a meta de figurar entre os dez melhores no quadro de medalhas
dos Jogos do Rio passa também, na visão de dirigentes, em dar exemplo
fora de competição e colecionar apoio ao invés de situações
desconfortáveis. Por isso, a acusação de violência sexual em Toronto
pode ter impacto na ideia de ter mais controle sobre o que o
comportamento dos atletas na reta final deste ciclo olímpico.
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