terça-feira, 3 de novembro de 2015

UOL: guerra entre facções aumenta em 450% mortes em presídios do RN. Problema acabou gerando um impasse entre Governo, Justiça e Ordem dos Advogados do Brasil

GUERRA DE FACÇÕES

O UOL traz nesta terça-feira (6) como um dos principais destaques a situação do sistema penitenciário do Rio Grande do Norte. Segundo a publicação, o domínio de facções criminosas nas prisões do Rio Grande do Norte está sendo apontado como a principal causa das mortes de 22 presos registradas em 2015. O número é 450% maior do que as quatro registradas no ano passado.

O promotor de tutela do sistema prisional do RN, Antônio Siqueira, afirma que o alto número de mortes é resultado da falta de eficácia do Estado no controle das penitenciárias. “Existe uma insatisfação muito grande por falta dos direitos mínimos, mas o principal problema é a total falta de controle do Estado nessas unidades”, disse ao UOL.

Tentando contornar a situação, o Estado passou a separar os presos em presídios de acordo com a facção que cada um fazia parte. Essa medida, porém, foi proibida pelo juiz da Vara de Execuções Penais, Henrique Baltazar dos Santos, que afirmou que a decisão foi tomada por conta de uma alteração na Lei de Execuções Penais e também como uma forma de frear as mortes nas unidades.

"Até o ano passado, os presídios estavam na mão dos presos. A gente acha que, com essa decisão, podemos mudar. Entregar o controle à facção é a pior forma de tentar evitar mortes, com esses grupos dizendo quem fica e quem sai", afirmou. Segundo o juiz, duas facções controlam os presídios do Estado: o PCC, com cerca de 300 pessoas, e a Máfia RN ou Sindicato RN, grupo local que possui entre 800 e 1.000 integrantes nas cadeias.

"Hoje, a facção [que controla o presídio] acaba obrigando os presos quem não são do grupo a entrar nele. Dizem: 'Ou entra, ou morre'. Já ouvi isso de alguns presos. Isso fez triplicar o número de presos em facções. O que se tem visto é que, ao se equilibrar as forças [entre as facções nos presídios], esses grupos não se atacam. Mas, se você tem cem que são de um grupo e três que não são, eles morrem", explicou.

Segundo o juiz, os quatro presídios que tiveram transferência desde a decisão não tiveram problema registrado. "Na quinta e sexta [as transferências] começaram a ser feitas. Já temos presídio em Natal só com autores de roubo; em outras unidades menores, só estão traficantes. Até agora não houve incidente em nenhum deles. Houve morte depois disso, verdade, mas em presídios em que não foi feita a mudança", disse.

A medida do juiz, porém, é questionada pela OAB, que está se preparando para impetrar um mandado de segurança e também estuda denunciar o Brasil a instituições internacionais de direitos humanos. "Vamos provocar o Conselho Federal [da OAB] para que se mova e, se for o caso, convocar as instituições internacionais", disse Sérgio Freire, presidente da OAB no Estado.

Com informações do UOL

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