quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Prefeito de Natal poderá fazer mais cortes em 2016

CORTES
 


O prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), não descarta realizar novos cortes na estrutura da administração municipal em 2016, além dos que já foram realizados desde o início da gestão e do pacote de medidas adotadas nesta semana – que têm impacto estimado em R$ 20 milhões. Cargos comissionados e funções gratificadas também estão na mira da tesoura do prefeito. Com frustrações de R$ 166 milhões nas contas de 2015 (somente até outubro), o Executivo vislumbra mais um ano de crise e austeridade.
 
Com menos dinheiro, a Prefeitura adiou a entrega de obras como o Viaduto do Baldo, interditado desde 2012 e que já teve o prazo adiado para o fim de 2015.  Agora a conclusão do serviço está prevista para março de 2016, segundo o próprio prefeito. “Tivemos que adiar pelas dificuldades financeiras, mas acho que até o final de março ele volta para o uso da população”, argumenta. 
 
Mesmo assim o prefeito ainda quer entregar outras obras em 2016 como a urbanização da comunidade da África na Redinha, na Zona Norte, e a Vila de Ponta Negra, na Zona Sul. Ele também quer inaugurar o mercado modelo do bairro das Rocas, na Zona Leste, escolas, centros de saúde e Upas como a da Cidade Satélite, na Zona Sul.
 
Os novos cortes anunciados nesta semana, afirma o prefeito, fazem parte de um esforço para não aumentar a tributação  municipal. “Nos negamos a aumentar impostos. A população brasileira e os empreendedores já são muito penalizados pela alta carga tributária do Brasil. Aumentar imposto é a medida mais fácil, mais cômoda para os governos  porque transferem a conta para a população ao invés de  reconhecerem que já se paga muito imposto, que a população já está sufocada e que eles é quem deveriam cortar despesas, racionalizar gastos, economizar. É possível diminuir o tamanho do poder público e cortar despesas”, frisa. 
 
O Prefeito ainda defendeu que os cortes vêm sendo realizados desde o início do mandato, em 2013. O pacote com seis medidas para o ano que se inicia amanhã (1º) é a terceira etapa de um processo que, de acordo com ele, será contínuo. Ele compara as medidas a um corte de unha:“Você precisa sempre estar cortando a unha porque ela volta a crescer”.
 
E o prefeito lembra mais feitos: “Nós, quando assumimos, fizemos a reforma administrativa, a revisão de todos os contratos e auditoria na folha, com assessoria da renomada consultoria Falconi. Nessa primeira reforma, eliminamos secretarias, autarquias e 270 cargos comissionados e funções gratificadas, também aluguéis”. Há cerca de seis meses, Carlos Eduardo também publicou um decreto cortando despesas para economizar cerca de R$ 8 milhões. “Conseguimos”, garante. 
 
Com uma perspectiva de permanência da crise, o prefeito afirma que resolveu tomar novas medidas, como redução de automóveis alugados, corte de 50% dos telefones fixos da administração e centralização dos processos de licitação em apenas duas comissões. “Acredito que vamos para uma economia de R$ 20 milhões, no mínimo”, salienta.
 
Segundo Carlos Eduardo, a Prefeitura só não quebrou em 2015 por causa da arrecadação própria, especialmente através do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). A queda de R$ 166 milhões no orçamento foi puxada especialmente pela redução de repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é cobrado pelo Estado, mas é repassado em 25% aos municípios.
 
FALAR EM ELEIÇÕES SOMENTE EM 2016
 
Carlos Eduardo Alves ainda não responde a perguntas sobre as eleições municipais de 2016. Enquanto cala sobre o assunto, aumentam as especulações em torno de possíveis nomes para compor a chapa candidata à reeleição do prefeito. Wilma de Faria (PSB), atual vice-prefeita, não deverá repetir a parceria.
 
Entre possíveis nomes para vice, são citados o do secretário municipal de Turismo, Fred Queiroz, e do presidente da Federação do Comércio (Fecomércio), Marcelo Queiroz. Ambos são ligados ao PMDB, do primo do prefeito, o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves. Já a relação do partido do prefeito com o PSB ainda não está bem desenhada para o próximo ano. 
 
Sobre a relação com Wilma, Carlos Eduardo diz que continua muito bem. Mas não conversa com ela sobre política no momento. “Tenho conversado com Wilma, ela está se recuperando de uma cirurgia, tenho falado muito por telefone, mas os temas políticos estou evitando. Assim que ela se recuperar, voltaremos a tratar falar de política”. 
 
CUMPRIMENTOS
Ontem, após conceder entrevista ao NOVO, o prefeito Carlos Eduardo recebeu dezenas de pessoas no Palácio Felipe Camarão para os tradicionais cumprimentos de fim de ano, em um ato conhecido popularmente como ‘beija-mão’. Entre os presentes, vereadores, secretários, cargos comissionados, servidores e populares. 
 
Falta de licitação adia melhorias no transporte
 
“Do jeito que está a lei, a licitação não existe. Vai dar vazia. Nunca vamos conseguir fazer”, defende o prefeito Carlos Eduardo, ao responder sobre a decisão de entrar na Justiça contra a norma aprovada pela Câmara Municipal de Natal. A lei apresenta o modelo de licitação e as regras de contrato que o Executivo deve seguir para promover a primeira licitação da história no transporte público da capital potiguar. Há cinco anos o município não tem nenhum tipo de contrato com as empresas de ônibus da capital.  
 
O prefeito ressalta que não somente o Executivo como o próprio Ministério Público ingressaram com ação pela inconstitucionalidade do projeto. Isso foi feito baseado em pareceres de técnicos da Secretaria de Trânsito e Transporte Urbano (STTU) e da consultoria contratada para fazer o projeto que recebeu dezenas de emendas na Câmara. As emendas foram vetadas pelo prefeito mas o Legislativo derrubou os vetos do Executivo em seguida.
 
Entre as alterações questionadas pelo Executivo estão as do vereador Sandro Pimentel (PSOL) que prevêem ar-condicionado na frota de ônibus, além da obrigação de o motor ser na traseira do veículo, modelo adotado nas principais capitais do país. O prefeito alega que as melhorias no transporte público provocariam o aumento da tarifa da capital e passaria dos atuais R$ 2,65 para R$ 3,20. 
 
A prefeitura ainda questiona, por exemplo, a emenda que garante a participação de dois vereadores na comissão do certame, além da exigência de que toda licitação passe pela Câmara.
 
“Aguardamos o pronunciamento do Tribunal de Justiça para que a gente possa licitar, ter o contrato e dessa forma dar um novo planejamento. A cidade do jeito que está não pode planejar, aumentar linhas de ônibus, porque não temos contrato”, argumenta Alves.
 
A Prefeitura vai começar o ano em processo de mudança. A partir da segunda quinzena de janeiro o prefeito deve transferir seu gabinete para uma casa alugada no bairro Candelária. A sede atual do Executivo, o Palácio Felipe Camarão, apresenta riscos de acidentes conforme pareceres do Corpo de Bombeiros. 
 
MUDANÇA
 
Ao contrário do que antes fora anunciado pela Prefeitura, o objetivo é ainda voltar ao palácio no Centro da cidade. O  IPHAN tem um projeto de recuperação da estrutura e o processo de licitação está sendo preparado.

por:NOVO

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