BRASIL, POLÍTICA
O ex-deputado Eduardo Cunha e o empresário Joesley Batista (Lula Marques/PT e Eliaria Andrade/Agência o Globo)
Preso no Complexo Médico-Penal de Curitiba desde outubro de 2016, o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) escreveu uma carta para contradizer a entrevista do empresário Joesley Batista à revista Época, publicada no final de semana, e a delação premiada firmada entre ele e a Procuradoria-Geral da República (PGR). Condenado a 15 anos e 4 meses de prisão
na Lava Jato, Cunha classifica Joesley como “delinquente”, “perigoso
marginal” e “meliante” e afirma que, ao contrário do que disse à
publicação e em seus depoimentos, o empresário não esteve apenas duas
vezes com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Joesley Batista, os dois encontros com o petista ocorreram em 2006 e 2013 e o interlocutor dele junto ao governo e ao Partido dos Trabalhadores (PT) era o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.
No texto escrito de próprio punho na cadeia, contudo, o
peemedebista relata uma suposta reunião na casa de Joesley, em São
Paulo, no dia 26 de março de 2016, em que Cunha, Lula e o anfitrião
discutiram o processo de impeachment contra a então presidente Dilma
Rousseff. O encontro teria sido marcado a pedido do ex-presidente.
“Ele fala que só encontrou o ex-presidente lula por duas
vezes, em 2006 e 2013. Mentira! Ele apenas se esqueceu [sic.] que
promoveu um encontrou que durou horas, no dia 26 de março de 2016,
Sábado de Aleluia, na sua residência à Rua França 553, entre eu, ele e
Lula, a pedido do Lula, afim de discutir o processo de impeachment,
ocorrido em 17 de abril, onde pude constatar a relação entre eles e os
constantes encontros que eles mantinham”, afirma Eduardo Cunha.
Ele ainda diz que seguranças da Casa que o acompanharam à
reunião e a locação do veículo que ele utilizou em São Paulo podem
comprovar suas declarações.
Acusado nos depoimentos de
Joesley Batista de receber propina em contratos da Caixa Econômica
Federal, do Fundo de Investimentos do FGTS e do Ministério da
Agricultura, além de uma mesada para não aderir a um acordo com o
Ministério Público Federal, Cunha classifica a delação da JBS como “bilionariamente premiada” e lamenta ter convivido com o empresário.
“Lamento ter exposto a minha família à convivência com esse
perigoso marginal, na minha casa e na dele, onde hoje fica claro que ele
mente para obter benefícios para os seus crimes, ficando livre da
cadeia, obtendo uma leniência fiada, mas desfrutando dos seus
bilionários bens a vista, tais como jatos, iate, cobertura em NY, mansão
em St. Barthy [sic.], além de bilhões de dólares no exterior, dentre
outros”.
O ex-presidente da Câmara também cita o recurso em que pede
ao plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) a anulação da homologação
das delações da JBS. O peemedebista sustenta que a lei que regula os
acordos de colaboração “só permite ao Ministério Público não oferecer
denúncia contra delator, se ele não for o líder da organização criminosa
e for o primeiro a delatar, o que não enquadra o meliante, que além de
ser líder não foi o primeiro a delatar. Espero que o STF reveja esse
absurdo e bilionário acordo desse delinquente”, ataca.
Eduardo Cunha encerra a nota de repúdio citando as medidas
provisórias 783 (Programa Especial de Regularização Tributária) e 784
(leniência com o Banco Central) e afirma que Joesley Batista ainda é “o
maior beneficiário de medidas do governo”. “A pergunta que não quer
calar é de onde vem o poder dele, que mente, ataca o governo e ainda se
beneficia dos atos do governo que o deixam mais rico e impune?”,
completa.
Veja abaixo a nota escrita pelo ex-deputado Eduardo Cunha:
(Por
João Pedroso de Campos/Veja.Abril.com.br)
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