OPERAÇÃO LAVA JATO
Ao sair do Ministério do Turismo, em 2016,
enroscado na Lava Jato, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) escreveu uma
carta de demissão ao amigo Michel Temer, ainda interino na Presidência
da República.
Não queria "criar constrangimentos" ao
companheiro "nessa trincheira democrática". "Presidente Michel, agradeço
à sua sempre lealdade, amizade e compromisso de uma longa vida política
e partidária."
Temer devolveu o afago, citando a "relação pessoal" com o "caro amigo".
Preso nesta terça-feira (6), horas antes do
julgamento no Tribunal Superior Eleitoral que pode cassar a chapa do
aliado com Dilma Rousseff, Alves era o mais próximo dos chamados "homens
fortes" de Temer.
No feriado de 7 de setembro de 2011, sites potiguares destacaram a chegada do então vice-presidente.
Temer, a esposa, Marcela, e o filho do casal, Michelzinho,
descansaram na praia de Graçandu, litoral norte do Estado -cortesia de
Alves, dono da luxuosa casa de veraneio que abrigou a família.
"A praia está que é uma segurança só", destacou uma blogueira local,
ao falar do perímetro de segurança montado para receber o peemedebista.
Recordista em mandatos consecutivos na Câmara (foram 11, de 1971 a
2015), Alves estreitou laços com Temer dez anos atrás, quando virou
líder do PMDB na Câmara.
Em 2009, os pares escolheram o então deputado Temer para presidir a
Casa. "Essa amizade cresceu quando atuamos juntos no dia a dia, eu como
líder, e ele como presidente. Quantas dificuldades passamos? Inúmeras",
disse o potiguar ao UOL.Dificuldades discutidas, por exemplo, em jantar
de 2013 oferecido à bancada do PMDB -80 pessoas, ou R$ 355 por cabeça,
por locação de mesas, cadeiras, decoração e serviço de buffet, segundo a
ONG Contas Abertas.
Com camarão e queijo brie ao molho de caramelo no menu, o convescote
custou R$ 28,4 mil à presidência da Câmara, então sob guarda de Alves.
Um "jantar social", nas palavras do então deputado.
Em abril de 2016, Temer reuniu aliados no Palácio do Jaburu para
assistir à votação na Câmara do pedido de impeachment de Dilma Rousseff
(de quem Alves também foi ministro).
Numa foto do dia, o ainda vice-presidente está num sofá, a mão levada
à boca. Ao seu lado, três escudeiros peemedebistas: seu ministro da
Casa Civil, Eliseu Padilha, Alves e o à época deputado Rodrigo Rocha
Loures.
Os dois últimos foram presos nesta semana, e Padilha, já alvo de
inquérito no Supremo Tribunal Federal, é um dos seis ministros de Temer
citados na delação da JBS. (Folhapress)
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