BRASIL, POLÍTICA
Governador Geraldo Alckmin e o prefeito João Doria (Rovena Rosa/Agência Brasil)
No PSDB paulista de hoje, há três grupos — os que defendem abertamente o presidente Michel Temer (Aloysio Nunes e José Serra), os que ficam em cima do muro (Geraldo Alckmin e João Doria),
e os que querem o desembarque do governo para ontem (Carlos Sampaio e
Cauê Macris). O governador e o prefeito de São Paulo estão no meio
justamente porque são os que têm mais a perder com um passo em falso a
favor ou contra a permanência de Temer no cargo.
De perfil comedido do tipo que desvia de confrontos abertos,
Alckmin quer evitar tropeços no caminho que pode levá-lo a ser
candidato ao Planalto em 2018, ainda mais agora que o senador afastado
Aécio Neves parece ter saído de cena fulminado pela delação da JBS.
Tucanos consideram que uma eventual queda de Temer poderia embaralhar o
cenário no ano que vem, levando a surgir novos nomes para a disputa e
colocando em risco a coligação já acertada entre PSDB e PMDB desde a
época do impeachment de Dilma Rousseff.
Por outro lado, o governador também sabe que a indefinição
incomoda a militância e “pega mal” perante a opinião pública. É por isso
que quando tem oportunidade diz que nunca pregou compromisso para com o
peemedebista. “Quem disse que eu sou contra o desembarque? Não. Se você
pegar as minhas declarações lá trás, eu até dizia que o partido deveria
apoiar o governo por causa das medidas de interesse do país, sem
necessariamente participar com ministro do governo”, afirmou Alckmin
nesta terça-feira. Na última sexta, ele se encontrou com Temer para
tratar da crise política em São Paulo.
Na segunda, no entanto, num discurso ensaiado com o governador, Doria
foi a uma reunião no diretório paulista repleta de militantes
contrários à conjuntura atual para conter a debandada do partido.
Assim como o governador, o prefeito não saiu em defesa de Temer, mas
falou bastante sobre questões estratégicas. “Muitas vezes a precipitação
pode condenar um exército vitorioso à derrota. Ser guerreiro é saber
guerrear na hora certa para vencer a luta e não para precipitá-la. Ao
PSDB, neste exato momento, não cabe tomar uma decisão, mas desenhar e
analisar a posição”,
exclamou. Antes dele, o senador José Aníbal
declarou que os tucanos deveriam pensar em 2018 no sentido de manter um “processo
racional de sucessão presidencial” que impeça o fortalecimento de
figuras salvacionistas, como o ex-presidente Lula (PT) e o deputado Jair
Bolsonaro (PSC-RJ), segundo ele. Com o prestígio em alta e o
repetitivo discurso contra o PT, o prefeito obteve êxito. Nenhuma
posição foi definida e os militantes saíram da reunião mais preocupados
em tirar uma selfie com Doria do que em encampar o ‘Fora Temer’.
Um momento no encontro do diretório regional foi
esclarecedor. Minutos antes de o prefeito assumir o microfone, o
presidente do PSDB de São Paulo, Pedro Tobias, anunciou Alckmin como
candidato a presidente e Doria a governador nas eleições de 2018.
Dividida sobre o assunto Temer, a plateia se uniu e respondeu com
vigorosos aplausos.
( Eduardo Gonçalves/Maquiavel)
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