Um laudo do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal encontrou “erros" cometidos pela BNDESPar – braço do BNDES que investe em participações de empresas – na liberação de um empréstimo de pouco mais de R$ 624 milhões concedido à JBS. Com o dinheiro, a companhia pretendia adquirir a empresa National Beef, mas desistiu da operação após autoridades antitruste dos Estados Unidos sinalizarem que a compra não seria aprovada.
O BNDES, porém, não pegou os recursos de volta e assinou sucessivos aditivos alterando o objetivo do aporte, permitindo o uso dos recursos posteriormente no processo de aquisição ou incorporação de outras empresas, como Tasman, Pilgrim’s e Bertin. De acordo com a Polícia Federal, no entanto, essas três empresas nem sequer foram analisadas pelos técnicos do BNDES, sendo que uma delas, o Bertin, nem mesmo “se coadunava com o objetivo geral de apoiar a internacionalização da JBS”.
Outra observação feita pela Polícia Federal diz respeito à agilidade atípica em que ocorreu a liberação dos empréstimos, “embora as operações de apoio à JBS analisadas neste laudo fossem de elevada complexidade e envolvessem valores expressivos”.
Auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU) já haviam encontrado inconsistências nesses aportes, sendo que os auditores chegaram a afirmar que houve “cessão graciosa de dinheiro público” para a empresa. O material é um dos elementos que levaram à Operação Bullish da Polícia Federal.
O laudo de 64 páginas obtido por ÉPOCA é assinado por dois peritos criminais da Polícia Federal e foi produzido, em agosto de 2016, a pedido da Justiça Federal de Brasília. O BNDES foi procurado pela reportagem e, por meio de nota, informou que não vai comentar o laudo.
(Patrik Camporez/Época)
Nenhum comentário:
Postar um comentário