SEGURANÇA NO RIO
Após reagirem com veemência às
declarações do ministro da Justiça, Torquato Jardim, sobre corrupção
policial e conivência das autoridades públicas com o crime no Rio,
políticos fluminenses baixaram o tom de suas críticas nesta quinta-feira
(2).
Tanto o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) quanto o presidente da
Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), disseram que não acreditam que
o ministro estivesse mentindo, mas cobraram dele provas que corroborem
as acusações que fez.
Em entrevista ao blogueiro do UOL Josias de Souza, Jardim disse que o
sistema de segurança pública do Rio não é controlado por suas
autoridades, mas sim por um acordo entre deputados estaduais e o crime
organizado, e que comandantes da polícia "são sócios" do crime.Em reação
às declarações, Pezão pedirá uma interpelação judicial contra o
ministro, o que na prática significa que ele terá que esclarecer, diante
da Justiça, se confirma o que disse ao blogueiro.
Em entrevista à rádio "CBN", nesta quinta, Pezão disse: "Não acho que
ele tenha mentido. Tenho profunda admiração por ele. Ele fala que isso
[a acusação] se baseia na história da Polícia Militar. Não era uma
afirmação do governo, era uma coisa pessoal dele", minimizou.
Em
seguida, cobrou provas. "Mas não podemos viver de ilações e indícios,
temos que esclarecer. Ele tem a Polícia Federal na mão, tem aparelhos de
investigação com muito mais tecnologia do que o próprio Estado. Se ele
tem essas informações, que apure. Queremos ver tudo esclarecido, a
pratos limpos."
Jardim não foi o primeiro ministro a falar
publicamente sobre a relação entre o crime e o poder público. Em julho, o
ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse, também à CBN: "o Rio de
Janeiro tem um problema que é a criminalidade, mas tem um outro, que é
aquela parte do poder público que foi capturada pelo crime. O crime
conseguiu se infiltrar nas diversas esferas governamentais do Rio. Isso
existe nos outros estados; o Rio não é exceção. E não existe só nas
forças policiais, é muito mais amplo."
Suspeita-se que haja casos
de corrupção na PM do Rio. Apenas até julho deste ano, por exemplo, a
Auditoria da Justiça Militar do Rio abriu 149 processos contra policiais
e bombeiros militares por suspeitas de crimes como corrupção, extorsão e
roubo. No final de junho, policiais de um batalhão em São Gonçalo, na
região metropolitana, foram presos sob suspeita de integrar quadrilha de
venda de armas e prestação de serviço de segurança para traficantes.
Na
entrevista à "CBN", Pezão tampouco negou que haja corrupção na Polícia
Militar do Rio, dizendo que sua administração pune agentes que têm
desvio de conduta. Segundo ele, por "cortar na carne" crimes cometidos
por policiais, chega a receber críticas pela "dureza [com que os pune]".
O governador disse, ainda, que "nós nunca deixamos de punir o mau
policial".
"Aquela
entrevista [em que Torquato faz as acusações) talvez valesse depois de
uma ação da polícia, com meses de investigação, pegando aqueles que
estão boicotando as ações de segurança no Rio", declarou Maia à
reportagem.
Em outra viagem internacional nesta semana, Maia já havia cobrado provas das afirmações do ministro.
Nesta
quinta, em visita ao Monumento Votivo Militar Brasileiro, na Itália, o
presidente da Câmara comentou novamente sobre a decisão de Torquato:
"Essa investigação certamente vai dar resultado, mas vazar antes da hora
talvez tenha atrapalhado".
Nos últimos anos, Maia tem ganhado
força política e é um dos citados para concorrer à eleição ao governo do
Estado do Rio de Janeiro no próximo ano.
Para o presidente da Câmara, ao
pedir que Jardim se explique perante a Justiça, Jardim "está defendendo o
direito dele, o que é legítimo".
(Com informações da Folhapress)
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