ÚNICA SAÍDA
As apreensões no terminal, no Brasil e na Holanda, somaram mais de 10 toneladas em poucos dias
Empresários que operam no porto de Natal, despachando e recebendo
cargas, não acreditam que a empresa francesa CMA/CGM deixe de operar no
terminal, mesmo depois das apreensões de drogas ocorridas na semana passada.
Ouvidos neste fim de semana pelo Agora RN, alguns desses
clientes descreveram a situação “como muito grave”, mas acham que ela se insere
numa pressão para que a Companhia Docas influencie na aquisição de um scanner
para a vistoria de containeres fechados, um investimento de R$ 11 milhões.
O Conselho de Administração (Consad) da Companhia Docas do
Rio Grande do Norte (Codern) empossou nesta sexta-feira, 22, em assembléia
ocorrida no Porto de Maceió, o novo Diretor-Presidente da Codern, Almirante de
Esquadra Elis Treidler Öberg, substituindo Fernando Dinoá Medeiros Filho, no
cargo desde 29 de junho de 2018.
A esperança é que o Almirante da Reserva, com fôlego novo, programe
rapidamente as mudanças dentro do Porto de Natal, aproveitando a entressafra de
frutas, um período sempre propício às reformas e outras mudanças necessárias.
No ano passado, nessa mesma época, a Codern paralisou
temporariamente as escalas por um mês a pretexto de reformar toda a área do
pátio, só que ninguém viu quase nada acontecendo por ali.
Um empresário ouvido pelo Agora RN comentou que a
administração do porto preferiu pagar uma multa de R$ 250 mil à Agência
Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) a gastar R$ 60 mil para construir
uma área de recepção de cargas vindas do exterior, um antigo pleito dos
importadores.
Segundo essas mesmas fontes, o que irritou os executivos da CMA/CGM
foram os problemas que surgiram na Holanda decorrentes das apreensões e
não no Brasil e que somaram, juntas, mais de 10 toneladas em poucos
dias. “Sinal que, com o endurecimento da fiscalização em outros portos,
estava passando tudo e mais alguma coisa por aqui”, ironizou.
Além disso, argumentam exportadores, ao abrir um container lacrado e
refrigerado por causa da falta de um scanner, operação de exportação de
frutas frescas fica totalmente comprometida ao dar um choque térmico na
mercadoria que deve chegar num padrão aceitável ao exigente consumidor
europeu.
“A coisa toda está por um scanner e não acredito
sinceramente que o armador (CGA/CGM) vá abrir mão de uma porto especializado em
frutas, perto da Europa, para operar em
Pecém, penalizando produtores locais que não têm nada a ver com essa sujeira
das drogas”, afirmou.
Na semana passada, o próprio presidente da Abrafrutas, Luiz
Roberto Maldonado, disse ao Agora RN que os responsáveis pelas drogas estavam
em Pernambuco e não no Ceará, onde o empresário também está baseado com a
Agrícola Famosa, maior exportador do Brasil.
Enquanto isso, sindicatos como o dos Estivadores, um dos quatro
baseados no Porto de Natal, esperam angustiados o desfecho do caso das
drogas. Segundo o presidente, Lenilto Caldas, os trabalhadores estão
preocupados com o problema, pois temem perder um salário médio mensal de
R$ 2,5 mil que ganham durante a safra de frutas.
“Não estamos nem respirando por causa disso e espero que a
Codern compre um scanner, já que nenhum porto mais poassa sem esse equipamento
para flagra cargas de drogas e armas no País”, observou.
(Marcelo Hollanda/AgoraRN)
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