DECISÃO DO TRF-4
Ex-presidente Lula - Marcelo Camargo / Agência Brasil
São Paulo - A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
pediu nesta segunda-feira, ao Supremo Tribunal Federal (STF), a anulação
do julgamento que levou à condenação de 17 anos e um mês de prisão
imposta pelo Tribunal Regional Federal (TRF-4), o Tribunal da Lava Jato,
no caso do sítio de Atibaia. A sentença foi a mais pesada contra o
petista, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O
advogado Cristiano Zanin, que defende Lula, classificou como
"constrangimento ilegal" a decisão do tribunal, que elevou a pena do
petista antes prevista em 12 anos e 11 meses de reclusão O defensor do
ex-presidente afirma que, se o Supremo negar seguimento ao pedido,
estaria cometendo uma "grave ilegalidade"
"Em um Estado
Democrático de Direito, não pode um constrangimento ilegal contra a
liberdade de um cidadão deixar de ser sanado pelo Poder Judiciário por
obstáculo de regra procedimental. Aliás, muito pelo contrário, como já
exposto acima, a possibilidade de imediato afastamento de
constrangimento ilegal em Habeas Corpus é previsto tanto em lei, como no
Regimento Interno desta Excelsa Corte."
A defesa alega que o
desembargador João Pedro Gebran Neto, relator da Lava Jato no TRF-4,
julgou o mérito do processo enquanto haviam recursos que mereciam
análise, em uma "inversão tumultuária do processo". Zanin se refere a
uma petição avaliada em 30 de outubro relacionadas a troca de mensagens
atribuídas aos procuradores da Lava Jato em Curitiba e o ex-juiz Sergio
Moro. O pedido foi rejeitado, mas o prazo para recurso, segundo a
defesa, iria até o dia 03 de dezembro.
"Considerando que as
referidas mensagens reforçam a suspeição tanto dos procuradores da Lava
Jato, quanto do ex-Juiz Sérgio Moro, que instruiu quase a totalidade da
ação penal que deu origem à referida apelação - questão essa que foi
arguida nas razões recursais, e tem potencial para anular todo o
processo -, resta evidente que a suspeição e as demais questões
prejudiciais de mérito não poderiam ter sido analisadas antes do
esgotamento dos recursos cabíveis sobre essa matéria", argumenta Zanin.
Sítio de Atibaia
Por
unanimidade, o TRF-4 condenou Lula a 17 anos e um mês de prisão na ação
penal sobre o sítio de Atibaia, em São Paulo. O petista é acusado de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro em obras e reformas avaliadas em
R$ 1 milhão no imóvel, que está em nome de Fernando Bittar, filho do
amigo de Lula e ex-prefeito de Campinas, Jacó Bittar.
A Lava Jato
apontou que o sítio passou por três reformas: uma sob comando do
pecuarista José Carlos Bumlai, no valor de R$ 150 mil, outra da
Odebrecht, de R$ 700 mil, e uma terceira reforma na cozinha, pela OAS,
de R$ 170 mil. Total de R$ 1,02 milhão gastos pelos acusados. Os
pagamentos tiveram relação com negócios na Petrobras e os caixas de
propinas acertados entre as empreiteiras e o PT.
"A
responsabilidade do ex-presidente Lula é bastante elevada. Ocupava o
grau de máximo dirigente da nação brasileira", registrou o desembargador
Gebran Neto, relator da Lava Jato, em seu voto. "Havia a expectativa
que se comportasse em conformidade com o Direito e que coibisse
ilicitudes. Ao revés disso, o que se verifica, nesses casos, é uma
participação e uma responsabilização pela pratica dos diversos atos de
corrupção."
Sua posição foi acompanhada pelos desembargadores Leandro Paulsen e Carlos Eduardo Thompson Flores, da 8ª Turma.
(Por:Estadão Conteúdo)
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