BRASIL, POLÍTICA
O senador Alvaro Dias (Podemos-PR), que articulou ação contra o juiz de garantias TV Globo/Reprodução
Os partidos Podemos e Cidadania entraram neste sábado, 28, no Supremo Tribunal Federal (STF), com uma ação direta de inconstitucionalidade contra a figura do juiz de garantias, prevista na lei do pacote anticrime, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro na terça-feira 24 e que deve entrar em vigor em 30 dias.
A criação do juiz de garantias irritou aliados de Bolsonaro, entre eles o próprio ministro da Justiça, Sergio Moro,
autor do pacote anticrime. Mesmo assim, o presidente manteve a
inovação, que foi incluída por meio de uma emenda do deputado federal
Marcelo Freixo (PSOL-RJ), da oposição.
O juiz de garantias, que já existe em alguns países, é o responsável
pela fase de instrução do processo, ou seja, durante a colheita de
provas e depoimentos. Um segundo juiz fica responsável por proferir as
decisões – a ideia é evitar que o mesmo magistrado envolvido na
investigação seja o autor da sentença.
Opositores da ideia dizem que ela representa um custo extra que o
Judiciário não tem orçamento para suportar, que em algumas comarcas há
apenas um juiz e que a consequência pode ser o retardamento do andamento
dos processos e, com isso, o favorecimento à impunidade.
A ação dos partidos contra o juiz de garantias – que é assinada pelos
presidentes Renata Abreu (Podemos) e Roberto Freire (Cidadania) – se
soma a outra movida por duas entidades, a Associação dos Magistrados
Brasileiros (AMB) e a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe).
Para elas também, o Poder Judiciário “não possui estrutura suficiente
para a implementação e funcionamento regular”. Elas também criticam o
curto prazo de 30 dias para a implementação do novo tipo de magistrado.
O senador Alvaro Dias (Podemos-PR), um dos líderes da iniciativa,
mudou de estratégia: ele antes iria registrar o processo apenas em 19 de
janeiro, quando o ministro Luiz Fux,
vice-presidente do STF, assume interinamente a presidência e, portanto,
o plantão da Corte até o dia 29 de janeiro. Fux, que assume de forma
efetiva a presidência do Supremo em setembro no lugar de Dias Toffoli, é visto pelos parlamentares como lavajatista e, portanto, deve ser contrário à ideia.
Já Toffoli, que é responsável pelo plantão até o dia 18 de janeiro, é
favorável à medida e poderá decidir as duas ações ainda durante o
recesso antes de passar o bastão do plantão a Fux. Toffoli admitiu neste
sábado que foi consultado pelo presidente Jair Bolsonaro sobre a medida
– ele afirma ter respondido que ela era “factível” e “possível de ser
implementada”.
(Por:Veja.com.br)
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