O Ministério da Defesa empenhou o valor de R$ 145.391.861,00 para a compra, sem licitação, de microssatélite a ser usado pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) na “proteção, fiscalização e combate a ilícitos na Amazônia Legal e sua região fronteiriça”.
O empenho chamou a atenção porque, desde maio passado, por decisão do Conselho da Amazônia, comandado pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão, este Centro do Ministério da Defesa é o responsável por gerenciar as informações sobre desmatamento e queimadas que embasam o governo nas ações de fiscalização e combate, atribuições que eram de responsabilidade do Ibama, com dados gerados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Há quatro meses, o Censipam já havia divulgado o início de uma parceria com a Embrapa Territorial para “identificar, qualificar e quantificar o desmatamento na Amazônia e orientar novas políticas públicas e privadas na região Amazônica”. O chefe-geral da Embrapa Territorial é Evaristo de Miranda, pesquisador que já contestou, em diferentes ocasiões, os dados produzidos pelo INPE e é considerado “guru ambiental” de Bolsonaro.
O valor empenhado pelo Ministério da Defesa na compra do microssatélite para o Censipam é 45 vezes maior que o orçamento atual dos programas do INPE que fazem os trabalhos de monitoramento de queimadas em todo território brasileiro e de desmatamento na Amazônia Legal Brasileira.
Para 2020, foram destinados à Ação 20V9 do INPE – no qual Prodes, Deter e Queimadas estão inseridos – R$ 3.220.000,00, valor 50% menor em comparação aos investimentos feitos em 2013 e que vai cair ainda mais no próximo ano.
Segundo dados do Projeto de Lei Orçamentária 2021 que vieram a público no início desta semana, o orçamento destinado à Ação 20V9 em 2021 será de R$ 2.737.000,00, uma queda de 15% em relação à dotação atual.
(O Eco)
Nenhum comentário:
Postar um comentário